Da República velha para a República nova e ainda com uma vitalidade invejável. Esse é o perfil do vaqueiro Álvaro José de Souza, mais conhecido como “seu Alves”. Aos 106 anos de idade completados no último dia 14 de fevereiro, Álvaro José se mantém firme e segue rituais até então não imaginados para uma pessoa centenária. Diante disso, ele mostra a garra e força do povo do rincão norte-mineiro.

Apesar de ter ultrapassado um século de vida, o “velho” tropeiro Álvaro José vai vivendo e muito bem. A receita para essa longevidade, segundo ele, é simples: dormir cedo e levantar antes do nascer do sol. Ele preservar esse costume por muito tempo, afinal, esse é um dos requisitos para a missão de vaqueiro e para quem nasceu na roça, é o caso dele. Filho de Antonino Felício de Souza, de cor negra, e de Ana Rosas Souza, a dona Sinhá, de traços ciganos, Álvaro nasceu na fazenda Paraíso, município de Riacho dos Machados, mas que na época pertencia a Grão Mogol.

O jeito simples e saudável do “seu Alves” lhe rendeu, nesta semana, uma homenagem por parte da Câmara Municipal de Janaúba. Apesar de não ser deste município e viver em Riacho dos Machados, o centenário, que ao longo da vida conduziu diversas tropas pelo território mineiro, foi lembrado pelos vereadores janaubenses Armando Peninha Batista, presidente da Câmara, e Carlos Isaildon Mendes. Peninha nasceu em Riacho dos Machados e a família de Isaildon é oriunda daquele município.

Durante a reunião ordinária dessa segunda-feira (25), o centenário Álvaro José de Souza foi agraciado com a Moção com Voto de Congratulação. Caminhando com apoio de uma bengala e do filho Eli Alves, “seu Alves” foi à tribuna agradecer pela homenagem que o município de Janaúba, através de aprovação unânime dos 15 vereadores, lhe presta e afirmou que o segredo para se viver por muito tempo é comer pouco e trabalhar muito. Ele ainda brincou que até hoje toma um gole diário da branquinha, numa referência à cachaça, e até degusta o uísque.

Com inúmeros parentes morando há muito tempo em Janaúba, Álvaro José de Souza foi casado com Judith com quem teve 10 filhos. Do segundo matrimônio ele teve mais 3 filhos que se juntaram a um enteado e ainda registrou mais três filhos de outros relacionamentos, totalizando, segundo ele, 17 filhos os quais têm lhe proporcionado, netos (número que não lembra), 47 bisnetos e 6 trinetos.

O que ele não esquece são as inúmeras idas e vindas das tropas levando os bois para Curvelo, Montes Claros e Pedra Azul. (O.J.)