Depois do empate de cinco a cinco na votação pelo retorno ou não dos funcionários demitidos na empresa controlada pela família do vice-presidente da República, José Alencar, segundo eles, por perseguição política, juizes do Tribunal Regional do Trabalho, em Belo Horizonte, realizam nova audiência que definirá o destino dos dezesseis pais de famílias que agora engrossam a fila dos desempregados em Montes Claros
Eduardo Brasil
Repórter
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Na próxima semana, o TRT – Tribunal Regional do Trabalho, em Belo Horizonte, fará nova audiência para definir o destino de dezesseis trabalhadores demitidos pela direção da Coteminas, em Montes Claros, que recorreram à justiça alegando serem vítimas de perseguição política, uma vez que integravam chapa que concorreria nas eleições do Sindicato dos Tecelões, no ano passado.
- Nós fomos demitidos porque ameaçávamos tirar da direção do sindicato as pessoas que há mais de vinte anos ocupam seus cargos para atender unicamente aos interesses dos patrões, em prejuízo dos trabalhadores do setor – ressaltaram alguns dos ex-funcionários que visitaram a redação de O Norte, nesta semana, para divulgar nota redigida à imprensa sobre a luta judicial que travam contra a empresa controlada pela família do vice-presidente da República, José Alencar.
- Além de buscarmos nossa reintegração ao trabalho, vamos exigir também na justiça que seja anulada a eleição que acabou mantendo os mesmos diretores no Sindicato dos Tecelões – acrescentam.
A audiência no TRT-MG, na capital mineira, está prevista para o próximo dia 15, prazo máximo para sua realização após a primeira, ocorrida no dia primeiro deste mês, ministrada pelo juiz relator, desembargador Hegel de Brito Bóson, que terminou empatada em cinco a cinco.
DIREITO CASSADO
De acordo com Lourival Soares Ribeiro, um dos demitidos, a perseguição política teve início imediatamente após o registro da chapa oposicionista, atingindo dezesseis funcionários ligados ao movimento de renovação do sindicato.
- Assim que recebemos o aviso de demissão, recorremos à Justiça do Trabalho, em Montes Claros, denunciando a perseguição, a demissão sem justa causa, uma medida ilegal que levou ao desemprego pais e mães de família – completa o ex-funcionário, observando que, na ocasião, o juiz da 3ª Vara do Trabalho, João Lúcio da Silva expediu liminar judicial exigindo que a empresa reintegrasse o grupo de trabalhadores.
- Mas essa liminar judicial foi cassada posteriormente por um mandado de segurança impetrado pela empresa. Aí, nós voltamos para o desemprego. Não consegui outro emprego e minha família passa por sérias dificuldades, até para se alimentar – acrescenta.
Ainda segundo a nota distribuída à imprensa, apesar de o embate judicial lembrar a luta do pequeno Davi contra o gigante Golias, a expectativa dos trabalhadores demitidos é de que a próxima sessão do tribunal consolide a sua vitória, apesar de a Coteminas estar usando todos os recursos para impedir seu retorno, inclusive contratando os melhores advogados do Brasil, entre eles o ex-ministro da Justiça, Amauri Mascaro Nascimento.
JOSÉ ALENCAR
O documento também faz censuras ao vice-presidente da República, José Alencar, apontado como um empresário que não quer correr o risco de ver o sindicato, controlado pelos diretores de sua empresa, sob a condução de pessoas que de fato atuarão na defesa dos trabalhadores.
O texto é concluído com garantia de que todas as informações atinentes ao episódio podem ser confirmadas em processos que tramitam na 3ª Vara do Trabalho de Montes Claros sob o nº: 01142-2006-145-03-00-0 e no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais, em Belo Horizonte, sob o nº: 00989-2006-000-03-00-9.
A reportagem tentou falar com diretores da Coteminas, em Montes Claros, mas não obteve êxito.