O presidente Michel Temer prometeu avançar com medidas impopulares para reavivar uma economia conturbada, dizendo que sua falta de ambição eleitoral lhe deixa a mão livre para agir. Temer disse que dedicará todo o seu capital político para reforçar as contas públicas, expressando a confiança de que o Congresso vai aprovar suas propostas para limitar os gastos, assim como a reforma da Previdência Social.
— Eu não tenho nenhuma ambição eleitoral para 2018, portanto, vou estar à vontade para enfrentar problemas aparentemente impopulares. Eu estou tomando uma posição mais dura na política e na economia.
Aos 75 anos, Temer herdou este ano um país profundamente dividido, abalado pela recessão e por um escândalo de corrupção de dois anos que tem aumentado desconfiança dos políticos brasileiros. A inflação está em cerca de 9% e o desemprego está em seu nível mais alto desde 2004.
— Ainda estamos em uma situação muito difícil, economicamente falando. Mesmo que melhore um pouco no próximo ano, que seria um grande passo em frente.
AUMENTAR A CONFIANÇA
Para aumentar a confiança dos investidores, a agenda de Temer visa reduzir o papel do governo na economia. Legisladores tentarão reduzir os gastos públicos e os pagamentos de benefícios de aposentadoria até o final de 2016, no máximo meados de 2017, disse ele.
Uma das dificuldades de Temer é que ele não tem um mandato popular para medidas controversas nem é particularmente bem visto. Apenas 14% dos entrevistados em uma pesquisa de opinião de julho do Datafolha consideraram a sua administração Temer boa, em comparação com 13% que tinham a mesma opinião em relação ao governo de Dilma em abril.
Parte da desconfiança do governo de Temer veio do envolvimento de seu partido em um escândalo de corrupção de dois anos que colocou líderes empresariais na prisão e envolveu grandes políticos. Três dos ministros de Temer renunciaram em meio a alegações de corrupção e o PMDB tem sido citado por receber propinas de contratos com o governo.