Tadeu Leite alerta sobre a necessidade da união do Norte de Minas para garantir o retorno de uma Sudene livre de falcatruas, voltada para a ascensão social e econômica do povo, e que possa de fato repetir ações que no passado ajudaram a região a experimentar um formidável processo desenvolvimentista
Eduardo Brasil
Repórter
www.onorte.net/eduardobrasil
A audiência pública sobre a recriação da Sudene, na assembléia legislativa de Minas Gerais, proposta pelo deputado Gil Pereira – PP, como conseqüência das discussões iniciadas em Montes Claros, segundo Tadeu Leite – PMDB, deveria adotar o tema: A Sudene que nós queremos.
- Certamente a Sudene que nós queremos não é a Sudene dos últimos anos de sua existência. Idealizada pelo gênio Celso Furtado, implantada por outro gênio que foi Juscelino Kubistchek, a Sudene teve anos áureos, mas depois se perdeu em meio a irregularidades que não podemos deixar que se repitam – disse ele.
Tadeu Leite: - A Sudene que nós queremos de volta não é aquela Sudene que o governo preferiu extinguir por causa dos negociadores, dos lobistas e das negociatas que marcaram seus momentos finais
(foto: Wilson Medeiros)
Para Tadeu Leite, a Sudene teve um bom começo, impulsionou o desenvolvimento regional, mas que passou a ser alvo de todo tipo de ações que culminariam na sua extinção.
- Nos seus últimos anos, a Sudene desminlinguou-se, foi reduzida na sua importância. Diminuiu de tamanho. Virou alvo de lobistas, virou alvo de negociadores, virou alvo de negociatas, empreguismo, nepotismo. E foi essa sucessão de coisas erradas que determinou o seu fechamento.
SEM VÍCIOS
Segundo Tadeu Leite, a Sudene tem de retornar sem esses vícios do passado. Ele ressalta a importância da autarquia na região, lembrando passagens importantes que resultaram em decisões nacionais tomadas durante encontros promovidos em Montes Claros, que através da Sudene ganhava projeção nacional.
- Como prefeito de Montes Claros eu tive a oportunidade de presidir algumas reuniões do Conselho Deliberativo da Sudene, realizadas aqui, ao lado de governadores de todo o nordeste brasileiro – destacou, lembrando que foi durante uma dessas reuniões que nasceu, inclusive, a candidatura de Tancredo Neves para a presidência da República.
- Foi uma rebelião de governadores a favor de Tancredo Neves, que se alastrou por todo o país feito uma revolução que nasceu aqui, em Montes Claros, numa reunião da Sudene – reitera, sem, no entanto, lembrar que outra candidatura presidencial também nascera durante uma reunião do Conselho Deliberativo da Sudene em Montes Claros, a de Fernando Collor de Melo, que durante sessão no Automóvel Clube tratou de tomar posições que também ganharam repercussão nacional, projetando-o como o caçador de marajás, tema que prevaleceu no seu discurso no evento que teve lugar no Automóvel Clube, que abandonou, ao seu estilo, antes mesmo de terminar.
A VACA E O BERNE
Tadeu Leite diz que no momento em que a Sudene passou a ser assediada por lobistas e corruptos, perdendo sua característica, houve uma reação para que as irregularidades fossem combatidas.
- Claro que protestamos contra aquele estado de coisas, mas o governo federal preferiu fazer como faz o dono da vaca, que diante do berne prefere matar a vaca que matar o berne. Ao invés de enfrentar os problemas, as dificuldades, de corrigir os erros, de consertar a Sudene, recolocá-la no seu ritmo e no seu rumo, o governo federal preferiu extingui-la, o que foi um equívoco, um grande erro.
O deputado ressalta, porém, que o tempo passou, e que hoje o governo federal certamente não agirá como da outra vez, quando até incentivou a extinção da Sudene por conta das falcatruas que a autarquia passou a concentrar. Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o grande aliado na recriação da Sudene.
- Porque não acredito que ele, que saiu de Garanhuns, no interior de Pernambuco, para vencer na vida em São Paulo, trabalhando, vá negar ao povo nordestino o mesmo direito de ter oportunidades. Portanto, não acredito que Lula passe dois mandatos como presidente da República e não recrie a Sudene.
Para o ex-prefeito de Montes Claros, ao recriar a Sudene, Lula dará grande contribuição à redenção de todos os nordestinos. Ele chega a considerar a recriação da Sudene como um prêmio para o presidente Lula, que terá a oportunidade de inserir em sua biografia uma das mais importantes obras políticas da história brasileira.
BANCADA DO NORTE
Tadeu Leite também ressaltou o desprendimento da bancada de deputados que representam o Norte de Minas na assembléia do estado, frisando que todos eles estão envolvidos na questão da recriação da Sudene, observando as prioridades regionais. Ele justificou, ainda, a ausência de outros parlamentares que não puderam comparecer às discussões.
- Nesta semana nos reunimos, todos nós, da bancada do Norte de Minas, e decidimos que estaremos empalmados, juntos, em benefício de Montes Claros e do Norte de Minas na luta pela recriação da Sudene, como também em relação a outros temas que pautamos em agenda mínima e que consideramos importantes para reforçar o desenvolvimento regional.
Temos dificuldades locais, de relacionamento político, menores, que superaremos em benefício da região – concluiu Tadeu Leite, reforçando apelo para que o Norte de Minas se una na defesa de uma Sudene de fato revigorada, preocupada com a questão social, e que ajude o povo a enfrentar suas dificuldades, a ter oportunidades de renda e de trabalho.
- Precisamos lutar para que a Sudene tenha esse espírito comunitário nas suas ações.