Sued Botelho: Vice-prefeito nega corrupção na prefeitura

Jornal O Norte
Publicado em 23/06/2008 às 16:25.Atualizado em 15/11/2021 às 07:36.

Eduardo Brasil


Repórter



Na manhã da última sexta-feira 20, enquanto a polícia federal, no desencadeamento da operação João de Barro vasculhava documentos em arquivos da administração municipal de Montes Claros, o vice-prefeito, Sued Botelho – PT por alguns minutos se postou nas escadarias externas do prédio da prefeitura, onde conversou com a reportagem de O NORTE.



Aparentando tranqüilidade com a inesperada ação policial, e argumentando que ela seria até normal por não ser realizada única e exclusivamente em Montes Claros, Sued Botelho não se negou a conceder entrevista, mas sob a condição de não comentar a ação da polícia federal – que se repetia, naquele momento, em outras 230 prefeituras do país, suspeitas de desviarem recursos públicos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, na construção de casas populares e estação de tratamento de esgotos.



- Cabe ao prefeito Athos Avelino essa responsabilidade – disse, aludindo à nota oficial que o executivo municipal divulgaria horas mais tarde isentando sua administração de qualquer ato de improbidade.



O vice-prefeito, no entanto, não deixou de retrucar acusações de que o governo do PPS e do PT é marcado pela incapacidade e pelos defeitos morais e éticos que vão desde a morosidade dos serviços, passando pelo nepotismo até os atos de corrupção.



- Não existe morosidade e nem corrupção na administração. Criamos até instrumentos especiais para evitar qualquer tipo de irregularidades no serviço público – afirma o vice-prefeito.



Leia agora os principais trechos da entrevista.



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Sued Botelho:
- Criamos instrumentos exatamente para


evitar irregularidades na administração municipal


(foto: XU MEDEIROS)



- O senhor é egresso da câmara municipal, onde atuou como oposição ao governo de Jairo Ataíde - DEM, a quem não poupava críticas contundentes, até mesmo questionando a probidade do ex-governante. Como é, agora, quando a oposição na câmara municipal repete acusações ainda mais graves contra a administração que o senhor defende e integra, iniciando por denominá-la de incompetente e morosa?



- Discordo quando nos acusam de incompetência e de morosidade. Esta é uma administração ágil e isso, é preciso ressaltar, deve-se, sobretudo, ao funcionalismo competente que temos, que ajuda no dinamismo do serviço público e que é por devidamente valorizado. Quanto às críticas dos vereadores de oposição, encaro com naturalidade e respeito. Fui vereador e sei das funções que cabem ao vereador, de legislar, de fiscalizar, de cobrar. Entendo que eles agem desta forma e é natural que ajam assim. Às vezes, há excessos, é verdade, na maneira de cobrar, de criticar. Quando digo excesso, não estou me referindo a algum vereador da oposição...



- Sim... Mas, sobre esse excesso a que o senhor se refere... Seria uma, digamos, da sua parte, breve reação a acusações mais veementes dos oposicionistas? Afinal, eles afirmam que a administração é marcada pela corrupção, pelo uso indevido de recursos públicos. Isso incomoda? Preocupa?



- Olha, não existe o mínimo de preocupação com relação à corrupção na administração.



- Por quê?



- Porque nós temos absoluta segurança nos instrumentos que criamos para evitar qualquer tipo de irregularidade na nossa administração. E, acima desses instrumentos que foram criados está a postura dos seus gestores, principalmente do prefeito Athos Avelino a respeito de recursos públicos. Eu não tenho conhecimento de denúncias desse gênero, em caráter oficial, de uso indevido de recursos públicos por parte dos vereadores. Se essas denúncias existirem, se forem feitas de forma oficial, evidentemente que a nossa administração responderá a isso.



- Elas foram feitas da tribuna da câmara municipal de Montes Claros. O porta-voz do executivo, Aurindo Ribeiro, até retrucou seus autores, alegando que era leviandade por parte deles, bazófia. Mas a administração municipal não se manifestou sobre o assunto.



- Se em caráter oficial foi feita qualquer tipo de denúncia, a administração responderá, sim, em respeito à câmara municipal, à população de Montes Claros, à própria legislação. 



- Todos esses cenários que antecedem as eleições, sobretudo os mais polêmicos, acabarão repercutindo no processo da sucessão municipal. Isso causará um desequilíbrio emocional na campanha? Ou seja, o nível da campanha fica ameaçado?



- Eu espero que o nível da campanha seja marcado pelo espírito democrático, de respeito mútuo de todas as forças que disputarão o pleito. Quem tem de sair vitorioso nesse processo é o povo de Montes Claros. Tenho absoluta certeza de que é exatamente isso que o povo espera de nós: uma disputa conduzida pelo respeito ao adversário, à democracia.



- As convenções partidárias acontecem agora, quando os candidatos aos pleitos majoritário e proporcional finalmente serão definidos. Mas, pesquisas para análises internas, feitas por alguns partidos em Montes Claros descartam a presença de Athos Avelino em um eventual segundo turno para a prefeitura...



- Não são pesquisas oficiais. E, se essas pesquisas internas existem, elas podem não necessariamente refletir a realidade. Nós também trabalharemos com pesquisas como os outros candidatos, mas no tempo certo. No período eleitoral. Uma vez realizando essas pesquisas, aí sim, elas serão objeto de profunda análise. Mas uma coisa é certa: o povo sabe que Montes Claros se transformou em um canteiro de obras.



- Obras que não seriam de inteira responsabilidade da prefeitura, como a ETE, a Usina de Biodiesel, alargamento e asfaltamento de avenidas...



- São obras da prefeitura em parceria com os governos federal e estadual. Com recursos também da prefeitura de Montes Claros. E, se essas obras ocorrem, não é por milagre. É porque houve uma articulação, um articulador, no caso, o prefeito Athos Avelino, para que elas chegassem até nós. Além do mais, temos obras próprias, que acontecem por todos os cantos da cidade...



- O senhor foi previamente escolhido para compor a chapa com o PPS num processo que tumultuou o PT, uma vez que a disputa com Marcos Maia incomodou correligionários...



- Eu estou na condição de pré-candidato bastante tranqüilo com os entendimentos que fizemos para que isso fosse possível. Do ponto de vista interno do PT, fui escolhido pela maioria. Vamos marchar nas eleições com absoluta unidade com as demais legendas que participarão da nossa coligação.



- As arestas do embate com Marcos Maia foram superadas?



- Não chamaria de arestas o que na verdade foi uma natural disputa interna. A disputa interna faz parte de qualquer instituição partidária. Isso ocorre com todos os outros partidos. É natural que ocorra um debate intenso e democrático, desde que respeitando as diferenças. Então, foi isso que aconteceu no PT. De um debate intenso saiu um resultado e esse resultado nos abre um espaço ainda maior para marcharmos unidos. Vamos para a convenção com tranqüilidade, sem rupturas.

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