Sem transparência, hospital pede ajuda

Atual gestão da Santa Casa lança campanha para arrecadar fundos, mas não revela prejuízo acumulado

Da Redação
Montes Claros
22/03/2018 às 06:20.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:58
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Sempre alegando dificuldades financeiras como justificativa para suspender atendimentos, mas sem apresentar o prejuízo mensal e o déficit acumulado, a atual gestão da Santa Casa de Montes Claros iniciou campanha para arrecadar recursos, com o argumento de que, sem a solidariedade da população, não vai conseguir honrar compromissos. 

A justificativa apresentada pelo superintendente da unidade de saúde, Maurício Sérgio Sousa e Silva, é a de que a “vaquinha” permitiria “manter o atendimento oferecido no hospital de forma digna e humanizada”. Entretanto, nem ele nem o provedor da Santa Casa, Heli de Oliveira Penido, se posicionaram sobre o rombo nas contas. A assessoria de imprensa do hospital informou que não iria se manifestar.

Por e-mail, a reportagem solicitou entrevista com o provedor e com o superintendente sobre o déficit, mas não foi atendida. 

A situação da Santa Casa se agravou recentemente e, apenas nos primeiros três meses de 2018, a administração chegou a adotar por duas vezes o plano de contingência, em que só são atendidos no pronto-socorro pacientes com risco de morte iminente.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Montes Claros, Joaquim Francisco de Lima, pediu a interferência do Ministério Público Estadual na atual gestão da Santa Casa, em função dos problemas que o hospital enfrenta e dos impactos sobre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Vamos discutir as responsabilidades para que o fechamento não mais aconteça. Não temos ferramentas para mensurar o prejuízo, o que sabemos é que instituição nenhuma que atende emergência pode fechar as portas. Ela é dona do serviço. Caso contrário, terá que romper o contrato com o SUS, e não foi o caso aqui”. 
 
VAQUINHA
A campanha “Pratique o bem, o Resto Vem” foi lançada em uma festa que reuniu autoridades e convidados e tem como meta obter doações. 

A instituição tem 392 leitos destinados ao SUS, o que responde por 80% dos atendimentos. Os administradores pedem que a população doe, por meio de um site, valores entre R$ 20 e R$ 60. Há ainda a opção de débito automático por meio da conta de energia elétrica e doações via Imposto de Renda.

A ação acontece justamente no momento em que o Ministério da Saúde libera socorro de R$ 2 milhões à Santa Casa, conforme acordado em outubro do ano passado, quando o ministro Ricardo Barros esteve em Montes Claros. Na ocasião, ele ainda liberou R$ 500 mil para a aquisição de um gerador. O recurso deverá chegar ao hospital nos próximos dias, sem passar pela prefeitura.

Em 2016, o hospital deixou de receber verba porque não estaria prestando alguns serviços. 

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