Sem democracia: Vereador interrompe audiência pública e população reage com protestos

Jornal O Norte
Publicado em 11/02/2011 às 09:37.Atualizado em 15/11/2021 às 17:21.

Vanelle Oliveira


Repórter



O que era para ser uma reunião com a finalidade de ouvir a comunidade sobre a situação enfrentada pela saúde, terminou sob protestos na Câmara de Montes Claros, na última quarta-feira (9). A audiência pública proposta pelo vereador Valcir Soares (PTB) e dirigida pelo presidente da comissão de Saúde, Marcos Nem (PR), para discutir a questão do fechamento de farmácias dos postos de saúde do município teve a participação de membros do Conselho Municipal de Saúde, representantes de associações comunitárias e do Conselho Regional de Farmácia.



Fotos: Vanelle Oliveira


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O professor José Geraldo diz que o encerramento repentino da audiência é uma forma de desrespeito à comunidade



Com o plenário do legislativo municipal lotado de pessoas dispostas a ouvir e serem ouvidas e com o objetivo de buscar soluções para os problemas da saúde pública do município, a audiência seguia com debates calorosos, até que o presidente da comissão optou por encerrá-la.



A população reagiu com protestos e muita gritaria contra a atitude do parlamentar. Marcos Nem alegou que a comunidade estaria usando o microfone para se manifestar sobre assuntos que não diziam respeito à ocasião. Ele também disse temer que acontecesse um tumulto ainda maior. 



- Por várias vezes, solicitei ao público presente que se ativesse às questões voltadas para as farmácias dos bairros. Como presidente da comissão, é minha obrigação zelar pelo bom andamento da reunião e pela qualidade das discussões visando buscar as soluções do problema - explica.



Do outro lado do plenário, a população não reagiu bem com o encerramento da reunião. Revoltada, a contadora, Marilda Batista da Silva diz ter presenciado um gesto de arbitrariedade por parte do legislativo municipal.



- Arbitrariedade sim. Eles fazem discurso e não querem ouvir a população que paga impostos e utiliza dos serviços públicos de saúde. Acho isso uma enorme falta postura dos nossos representantes - desabafa.



Para José Geraldo Cojack, professor e membro do conselho municipal de Saúde, o encerramento repentino da audiência é uma forma de desrespeito à comunidade de Montes Claros.



- A sensação que todos nós, dependentes do serviço municipal de saúde, temos é de indignação com tamanho desrespeito à democracia, pois viemos aqui para ajudar e eles simplesmente reprimem a democracia encerrando a reunião.



José diz ainda esperar que a população não desista de lutar por uma saúde pública de qualidade em Montes Claros.



- O povo não é bobo. Não é isso que vai impedir que as pessoas desistam da luta, queremos uma saúde de qualidade.



Surpreso, o secretário do conselho municipal de Saúde, João Batista, lamentou o destino que a audiência pública tomou e a forma com que a câmara agiu com a situação. 



- A reunião estava maravilhosa, com todos os presentes envolvidos em busca de melhorias para o setor de saúde, pois quem mais sofre é a população e ela esteve representada aqui. Mas na hora do público expor suas opiniões eles não têm o direito. É lamentável. Temos que ter pessoas com mais estrutura e poder de controle para conduzir reuniões dessa magnitude.



O vice-presidente da comissão, vereador João de Deus (PPS), informou que a realização de audiências públicas é para dar voz à população, mas justificou dizendo que a comunidade estava exaltada e, que naquela situação, pouco poderia contribuir com soluções para a questão.



A Câmara Municipal de Montes Claros não informou se a audiência será retomada. 


 

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