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Sábado,17 de Maio

Sem consenso para mudança em eleição

Proposta que estica mandato de atuais prefeitos em dois anos, para unificar o pleito em 2022, divide opiniões

Lucas Simões
Publicado em 07/05/2019 às 06:52.Atualizado em 05/09/2021 às 18:32.

Sob a alegação de cortar custos e alinhar as diretrizes orçamentárias de municípios e estados com a União, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prorroga o mandato de prefeitos e vereadores em todo o país até 2022 – pelo calendário atual, o mandato desses políticos termina no ano que vem.

O projeto do deputado federal Rogério Peninha (MDB-PR) pretende gerar uma economia de R$ 1 bilhão no próximo ano, apenas em relação ao primeiro turno, caso as eleições de 2020 não aconteçam, segundo as previsões do parlamentar.

Pela redação da PEC 56/2019, as eleições municipais seriam canceladas no ano que vem, prorrogando o mandato dos atuais prefeitos por mais dois anos. Em 2022, haveria apenas uma eleição para os cargos de presidente, governador, senador, deputados, prefeito e vereadores.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, vê com bons olhos a proposta, principalmente pela chance de acerto entre as diretrizes orçamentárias da União com outros entes federativos, a partir de um cenário com eleições gerais e municipais unificadas.

“Hoje em dia, os municípios e estados traçam as Leis de Diretrizes Orçamentárias dois anos antes da União, justamente pelo hiato entre as eleições municipais e gerais. Se isso fosse unificado, estados e prefeituras poderiam traçar metas e bases a partir de um plano mais amplo da União. Isso ajudaria a alinhar investimentos, por exemplo. Além de favorecer os municípios atualmente em dificuldade. Os prefeitos mineiros, por exemplo, teriam mais tempo para colocar a casa em ordem”, avalia Glademir.

Já o deputado federal Diego Andrade (PSD), líder da bancada mineira na Câmara Federal, avalia que há pouco tempo hábil para uma “mudança drástica” nas eleições. “O TSE planeja a eleição com bastante antecedência, é um processo complexo e muito cuidadoso. Aprovar essa mudança na metade do ano seria bagunçar todo o período eleitoral”, avalia Andrade.
 
CUSTOS
A cada eleição, os gastos públicos com as campanhas sobem consideravelmente, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na comparação entre os últimos três pleitos, apenas com valores do primeiro turno, os gastos subiram de R$ 650 milhões em 2016 para R$ 1 bilhão em 2018 – excluindo, no último ano, o orçamento do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, que ultrapassou R$ 2 bilhões.

“Em 2020, os gastos com a eleição devem passar de R$ 2 bilhões. Com essa economia, o país pode preparar melhor as reformas e se preocupar com temas urgentes como a Previdência e o desemprego, além de investimentos em outras áreas, que são essenciais. Em ano de eleição, o país para, quase nada anda. E, no Brasil, acaba uma eleição e começa outra. Isso não ajuda em nada no desenvolvimento do país”, critica o parlamentar do MDB.
 
NORTE
Prefeitos do Norte de Minas têm manifestado apoio às eleições unificadas a partir de 2022. O assunto foi tratado em reunião promovida pelo Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da Sudene (Cimams) em abril, com a participação de 30 representantes da região.

“Com a dificuldade que estamos passando por causa da retenção de recursos, a prorrogação do mandato seria bom. Ano que vem não vou conseguir assinar nenhum convênio, porque é ano eleitoral. Os nossos programas são interrompidos e, na verdade, a gente fica só com dois anos úteis para trabalhar. Além disso, o dinheiro que vai ser gasto com as eleições poderia ser investido em saúde, educação, infraestrutura e outros setores”, diz a prefeita de Varzelândia, Valquíria Cardoso, que ressalta estar com fôlego para mais dois anos, caso seja aprovada a unificação.

O texto da PEC cita que os valores economizados “poderão ser usados em serviços essenciais à população”, mas não especifica um fim para a verba que não seria utilizada.

Após receber parecer favorável em duas comissões, a PEC ainda aguarda para ser colocada em pauta na Câmara.

Procurado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se manifestou sobre a viabilidade de uma eventual mudança no cronograma eleitoral do país.

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