
As declarações feitas pelo então secretário Municipal de Educação, Benedito Said, nos últimos dias, antes de ser exonerado, discordando da postura do prefeito, Humberto Souto, no tratamento dispensado à área e aos profissionais do ensino, inflaram ainda mais os ânimos da categoria que vem lutando desde dezembro para receber os pagamentos a que têm direito. Ontem, um grupo de professores e dirigentes do sindicato que os representa foi realizar uma manifestação na sede da prefeitura e foi recebida pela chamada “tropa de choque”.
Integrantes da Guarda Municipal e do Grupo Tático Ambiental impediram nova ocupação do gabinete do prefeito por diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Sistema Público Municipal de Montes Claros (Sind-Educamoc).
A atitude do líder do Executivo, que acionou as forças de segurança para barrar os manifestantes, gerou revolta. “O prefeito Humberto Souto acionou até mesmo a Polícia Militar. É uma nova modalidade de intimidação”, disse a sindicalista Thaissa Luanne Freitas, que ressaltou o caráter pacífico de todos os protestos realizados pela categoria.
Quase três horas após iniciada a manifestação, os seguranças anunciaram que o prefeito conversaria com o sindicato, mas com apenas quatro dirigentes.
PAGAMENTO
“O prefeito Humberto Souto se mostrou irredutível, condicionando o pagamento do mês de dezembro ao repasse por parte do governo de Minas dos recursos oriundos do Fundeb”, disse Rovel Madureira, uma das líderes do movimento.
Segundo ela, o líder do Executivo municipal também reclamou muito de a Guarda Municipal ter permitido a entrada do grupo no prédio.
O professor Francisco Ataíde, que também integrou a comissão, expressou sua indignação com o aparato montado pela prefeitura para impedir a ocupação do gabinete.
Os membros da comissão revelaram que a única promessa feita por Souto foi “fazer anotações para conversar posteriormente com o secretário de Planejamento e Gestão, Cláudio Rodrigues, bem como receber a comissão na próxima sexta-feira”.
Sob o olhar atento dos seguranças, o Sind-Educamoc fez nova assembleia, na qual ficou decidido que novas mobilizações serão realizadas em locais públicos “para cobrar o pagamento de dezembro e as rescisões dos contratados”.
EXONERAÇÃO
A exoneração de Benedito Said foi publicada ontem. Para o lugar dele, foi nomeada interinamente, Rejane Veloso Rodrigues.
Said afirmou a O NORTE que a “educação tem que ser prioridade em qualquer governo” e que, nos últimos tempos, ele e o prefeito não compartilhavam das mesmas ideias.
Ele desmentiu que a Guarda Municipal e o grupo Tático Ambiental tenham feito sua escolta tão logo decidiu deixar a administração, versão que prevaleceu nas redes sociais e que dava conta de forte discussão entre ele e Souto.
“Esse fake news que espalharam aí, de briga, nada disso aconteceu”, disse, garantindo que sua saída foi decidida quando conversou pela última vez com o prefeito, há 15 dias. “Quando mostrei essa situação (que estavam com ideias diferentes), alegando também que eu tinha alguns problemas particulares para resolver”, afirmou Said.
Segundo ele, deixou claro que não tinha mais condições de cumprir o seu papel. “E como eu não quero prejuízo algum nem para a educação nem para a secretaria, de maneira consensual, republicana e ética, acertamos meu afastamento”, definiu Said.