O Comitê estadual gestor da crise da seca se reuniu nesta sexta-feira 29, em Montes Claros, para apresentar as ações de socorro aos flagelados da seca e, principalmente, apontar as medidas que serão adotadas para combater a seca verde que atualmente afeta o Norte de Minas.
A reunião foi solicitada pela Amams - Associação dos municípios da área mineira da Sudene visando mostrar aos prefeitos quais as ações e os projetos que serão implantados. O secretário estadual de Governo, Danilo Castro, fez a abertura da reunião trazendo mensagem do governador Aécio Neves. A reunião de ontem foi a terceira realizada pelo Comitê Gestor neste ano - a primeira ocorreu em Belo Horizonte, com a presença do vice-governador Antônio Augusto Anastasia; e a outra, em Montes Claros, com as lideranças regionais.
A secretária estadual Elbe Brandão, de Desenvolvimento do Norte de Minas e Vales do Jequitinhonha e Mucuri, nomeada coordenadora do Comitê Gestor, presidiu a reunião no Campus da Universidade estadual de Montes Claros.
DÍVIDAS RURAIS
O presidente da Amams, Valmir Morais afirma que desde 20 de dezembro, quando o governador Aécio Neves apresentou as ações, que vários projetos começaram a serem executados, mas que existe a necessidade de mostrar aos municípios como elas estão ocorrendo.
– A operação pipa, executada pela Copasa e Coordenadoria estadual de Defesa Civil, atendeu às expectativas, assegurando água para consumo humano nas comunidades comprometidas. Porém, a Amams procura decidir alguns pontos cruciais - ressaltou Valmir Morais, destacando a construção de barragens e barramentos com a patrulha moto-mecanizada adquirida pela Ruralminas, montagem de equipamentos em poços já perfurados, liberação dos R$ 40 milhões pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para renegociação das dívidas e recuperação das pastagens; assim como a redução da tarifa de energia elétrica para os poços comunitários.
PIOR SECA
A seca que afetou o Norte de Minas em 2007 foi a pior dos últimos anos, provocando a morte de 160 mil cabeças de gado, a perda da safra agrícola 2007/2008, acumulando um montante de R$ 266 milhões. As chuvas registradas no final de dezembro de 2007, e em janeiro e fevereiro de 2008 provocou o surgimento da seca verde, onde os pastos estão esverdeados, mas escamoteiam a seca.
- São mais de 550 mil cabeças de gado do Norte de Minas que precisam ser transferidas para outras regiões ou estados, pois faltam pastagens para atender o rebanho de 2,3 milhões de cabeças de gado – acentua Valmir Morais.
Além disto, o ataque das lagartas está afetando ainda mais as pastagens, dizimadas pela praga e agravando o quadro social.
- A nossa expectativa é de ação imediata do Estado, pois o flagelado da seca sofre com o descaso do governo federal, que se mostrou insensível com a situação, sem liberar nenhum tipo de ajuda, que não seja a operação pipa – afirma Valmir Morais de Sá.
Ele salienta que todos estão na expectativa quanto à liberação da renegociação das dívidas rurais feitas nos bancos do Brasil e Nordeste.
- A reivindicação é de suspensão das cobranças por dois anos, além da liberação de mais crédito rural para o homem do campo voltar a produzir e cumprir seus compromissos. Neste sentido, a Amams reivindicou o pagamento da Bolsa-Estiagem ou Bolsa-Seca aos flagelados da seca, como ocorreu no Rio Grande do Sul, mas o pleito ainda não foi respondido – conclui Valmir Morais. (Com Amams)