Ruy Muniz faz sua despedida da câmara municipal e dá um até breve para o povo

Jornal O Norte
Publicado em 30/01/2007 às 09:33.Atualizado em 15/11/2021 às 07:56.

Eleito em 2004 com o maior número de votos da história política de Montes Claros, o vereador e deputado eleito Ruy Muniz se despede da câmara municipal na reunião de hoje para assumir, nesta quinta-feira, a sua cadeira na assembléia legislativa de Minas Gerais. Segundo ele, sem a palavra adeus, mas sinalizando com um até breve para o povo de Montes Claros, reafirmando a sua pretensão de retornar à cena da política municipal como candidato a prefeito dentro de dois anos



Eduardo Brasil


Repórter


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O vereador Ruy Muniz - PFL a exemplo de Fátima Pereira - PP não comunga com as avaliações de que a sua saída da câmara municipal de Montes Claros enfraquecerá a oposição à administração de Athos Avelino - PPS, considerada por ele uma decepção, ficando restrita à vereadora e a Athos Mameluque - PMDB. Ele entende, primeiramente, que ela continua e continuará reforçada com Guila Ramos – PL, vice-presidente da casa, e que será ampliada com a entrada de Rosemberg Medeiros, que o substituirá, e com as dissidências que o grupo situacionista sofrerá daqui pra frente diante do desgaste da administração municipal.






(fotos: Manoel Freitas)



Crítico do que chamou de subserviência, referindo-se, durante seus pronunciamentos, ao comprometimento politiqueiro de alguns colegas de plenário com o prefeito, o deputado eleito reitera a certeza de que a câmara dará novos passos nos próximos dois anos para sua completa independência em relação ao executivo, processo para o qual se dedicou ao longo do mandato, citando que o próprio presidente da casa, Cori Ribeiro - PPS demonstra que terá essa posição altiva. 



RUY VERSUS ATHOS



Ruy Muniz também encerra seu mandato na câmara municipal definitivamente rompido com o prefeito Athos Avelino, cuja gestão ele enxerga cercada de irregularidades. Uma delas, para a qual teria provas cabais, está relacionada à omissão de seu nome na relação dos vereadores da atual legislatura, que no material impresso pela prefeitura, uma cartilha dando conta de ações no ensino municipal exclui o seu nome.



- O prefeito cometeu vários atos de improbidade e um deles é a confecção dessa cartilha, que é uma prova material do seu crime. Como um prefeito usa dinheiro do Fundef, dinheiro federal, da educação, para fazer propaganda pessoal, do seu governo? E, além do mais, discriminatória, onde ele, por sua única vontade, exclui um membro do legislativo, um membro que persegue politicamente? Isso é falta grave, suficiente para sua cassação.



Ainda segundo Ruy Muniz, além dessa irregularidade, que ele denunciou à Justiça através de representação impetrada junto ao ministério público, outras irregularidades praticada pela atual administração também teriam ganhado curso.



- Ainda mais graves. Como o superfaturamento de obras, como no caso da reforma do zoológico. Até hoje não houve uma prestação de contas transparente dos serviços. Nós apertamos, denunciamos a falcatrua e eles falaram que os quinhentos mil reais não foram gastos somente no zoológico, mas também na reforma do parque municipal – acrescenta o vereador.



- Ocorre que você vai ao parque e não vê obra nenhuma por lá – completa.



ROMBO NO SINDSERV



Ruy Muniz também observa as suspeitas de irregularidades em obras no setor de educação, como na escola Maria de Lourdes Pinheiro, no bairro Independência, onde a prefeitura diz que aplicou recursos de R$ 800 mil.



- Como pode a prefeitura gastar quase um milhão de reais em uma escola de educação infantil, com apenas doze salas de aula? São suspeitas a serem apuradas pelo ministério público. Tem de haver uma investigação. Como também cabe à justiça investigar o rombo nos cofres do sindicato dos servidores municipais, que teria sido perpetrado por aliados do prefeito Athos Avelino – destaca o vereador, aludindo às suspeitas de desvio de milhares de reais dos cofres da entidade.



- Há também suspeitas de superfaturamento em serviços de instalação de semáforos. Enfim, a administração municipal precisa ser investigada. Há muitas irregularidades que precisam ser desvendadas.



EXCEÇÃO À REGRA



Perguntado se a administração de Athos Avelino reuniria somente pontos negativos, o vereador lembra que, respeitando a máxima de que toda regra tem exceção, nesse caso abriria uma para festejar a realização do festival de cinema que a cidade recebeu neste mês.



- A melhor coisa dessa administração foi o festival de cinema. Realmente foi uma grande cena, da qual o prefeito quis a todo custo ser protagonista, mas os méritos vão para o secretário João Rodrigues. Fora isso, sinceramente, não há qualidade nesse governo.






Ruy Muniz deixa a câmara municipal para assumir a assembléia do estado, prometendo que estará de volta dentro de dois anos para ser prefeito de Montes Claros



De acordo com Ruy Muniz, a administração de Athos Avelino decepciona em todos os aspectos, mostrando-se incapaz de resolver os problemas mais simples que atormentam a população há dois anos.



- Não podemos ver qualidade nesse governo. Competência pessoal? A gente não vê. Competência de administração, de gestão? Muito menos. Por isso, independente da perseguição que o prefeito me faz, vou trabalhar como deputado para trazer recursos para Montes Claros. Para salvar Montes Claros. Vou colocar dinheiro nas mãos deles, em nome do povo, mas em nome do povo também vou fiscalizar o seu uso, centavo por centavo.



PREFEITURA



Sobre a sua posição de pré-candidato nas eleições de 2008, Ruy Muniz rechaça as críticas de que estaria se precipitando, antecipando à corrida sucessória. Segundo ele, durante sua campanha para a assembléia de Minas Gerais ele já colocava esse objetivo diante de seus eleitores.



- Quero ser diferente da maioria dos políticos que negam o tempo todo serem candidatos, para então revelar suas pretensões na última hora, aí sim, enganando o povo. Desde o início, todos ficaram sabendo do meu desejo de ser prefeito de Montes Claros, se o povo assim também desejasse. E o povo tem demonstrado que deseja isso de mim, essa decisão de servi-lo. De deixar a assembléia dentro de dois anos para representá-lo no executivo municipal. Quero ser prefeito, sim, porque tenho certeza de que farei uma administração magnífica – reitera o parlamentar, observando que disputaria a prefeitura pelo PFL, a não ser que uma outra candidatura confrontasse com a sua.



- Nesse caso, não hesitaria em me filiar em outra legenda. Mas continuo no PFL e desejo reunir toda a sua força política em nome do desenvolvimento de Montes Claros. Não somente as forças do PFL, mas todas as outras que acreditarem no nosso projeto.



VICE, NÃO



O deputado descarta qualquer hipótese de abrir mão da cabeça de chapa, caso vinguem articulações que estariam sendo ensaiadas entre os postulantes à sucessão municipal.



- Seria bom um consenso, reunindo todos os nossos deputados e lideranças políticas e comunitárias em torno de um nome. Mas quero deixar claro que não aceito uma candidatura à vice-prefeito. O meu projeto é ser prefeito de Montes Claros. E me sinto incentivado quando percebo que esse projeto é compartilhado por milhares de cidadãos que desejam sangue novo na política, que desejam que Montes Claros volte a crescer.

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