Restaurante Popular: empresários acusam licitação com cartas marcadas

Jornal O Norte
Publicado em 10/06/2008 às 15:43.Atualizado em 15/11/2021 às 07:35.

Eduardo Brasil


Repórter



Nesta terça-feira, o vereador Athos Mameluque - PMDB recebeu em seu gabinete representantes de empresa acusando o jogo de cartas marcadas na licitação para fornecer refeições ao Restaurante Popular, do governo federal, e que está sendo implantado em Montes Claros através da prefeitura municipal. Segundo eles (que não autorizaram a divulgação de seus nomes por temerem represálias), apesar de estarem no ramo há décadas, e de terem a experiência de fornecer mil refeições diariamente, ao longo dos últimos dez anos, a empresa foi considerada insuficiente no atestado de capacitação técnica, sob a alegação de que a sua cozinha estava desativada até a data da concorrência, na última terça-feira, dia três de junho.






Mameluque recebeu empresários que acusam irregularidades


em licitação pública
(foto: ARQUIVO/ XU MEDEIROS)



- Essa teria sido a última jogada para alijá-los da disputa. Eles apresentariam um preço certamente inferior aos demais, como ficou claro, depois. Antes, procuraram, de todas as maneiras, preteri-los do processo – completa o vereador, contando que os empresários, que lhe apresentaram documentos que corroborariam as denúncias, informaram que sequer tiveram acesso ao edital da concorrência, documento que não conseguiram nem mesmo através do site da prefeitura na Internet, que anunciava sua disponibilidade, e que só viriam a conseguir através de uma pessoa ligada à administração municipal por baixo dos panos.



- A nossa empresa forneceria a refeição por R$ 1.90, contra os R$ 2.60, que depois viraram $R 2, já que a empresa vencedora negociou com os responsáveis pela licitação baixar o preço. Tivéssemos participado, negociaremos nossos preços para R$ 1.50. Por isso, eles não queriam a nossa participação – acrescenta um dos empresários.



AMEAÇAS



Ainda de acordo com um dos empresários que falaram com a reportagem de O NORTE após deixarem o gabinete de Athos Mameluque, além de terem sido impedidos de participarem da concorrência, através de expedientes que contrariam o seu próprio edital, eles teriam sido também vítimas de ameaças ao insistirem em participar da licitação de forma legal.



- Nada nos impedia de participarmos, uma vez que respondíamos a todos os quesitos do edital. Foi quando passamos a receber vários telefonemas de pessoas que diziam que estávamos mexendo com gente grande, e que tomássemos cuidados, que éramos apenas um grão de feijão nesse prato – acusam.



- Chegaram a me dizer que acidentes de trânsito acontecem quando menos se espera. Que a gente poderia ser atropelada a qualquer momento. Temo por minha vida e pela vida de meus familiares, que também sofreram as ameaças por telefone – completa.



DESISTÊNCIA



Em um desses telefonemas, ainda de acordo com a narrativa dos empresários ao vereador, os misteriosos interlocutores teriam sugerido que eles se dirigissem à prefeitura para que o assunto fosse tratado de forma direta e decisiva, usando o bom senso.



- Quando chegamos à prefeitura, eles nos esperavam com vários documentos que deveríamos assinar. Documentos que, diante das ameaças de sermos preteridos pelo município em outras concorrências, acabamos por assinar, admitindo que não tínhamos condições de participar da concorrência. Foi uma indução, uma chantagem. E temos a informação de que isso teria ocorrido com outras pessoas, além de nós.



Para o vereador Athos Mameluque, apesar do temor dos empresários em assumirem o episódio de forma clara, diante das ameaças que sofreram, as denúncias são graves – e devem ser apuradas.



- Eles temem pela vida, estão assustados e com razão. Mas, sentem que não podem ficar calados. Estão analisando as condições de levar o assunto para as esferas competentes – informa o parlamentar que preferiu não abordar o assunto do plenário da câmara municipal, na reunião desta terça-feira, atendendo apelo dos próprios empresários.

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