
A promessa da prefeitura de antecipar para a próxima segunda-feira o pagamento de janeiro dos servidores da educação em Montes Claros não vai desmobilizar a categoria. A informação é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Sistema Público Municipal (Sind-Educamoc). A intenção é manter os protestos para garantir que o salário de dezembro, que deveria ter sido depositado no início do ano, seja quitado. Os profissionais também exigem o acerto das rescisões de colegas que foram dispensados pelo município.
“Estratégia para ganhar tempo”. Assim a vice-presidente do sindicato, Juliana Miranda, reagiu diante do comunicado do Executivo, divulgado na quinta-feira à noite pelo Secretário de Planejamento e Gestão, Cláudio Rodrigues. O prefeito Humberto Souto estaria fora da cidade, de férias.
Para ela, o anúncio da antecipação salarial pode ser uma tentativa de esvaziar o movimento e as manifestações dos professores. Na cidade, são quase 4 mil servidores sem o salário de dezembro. A folha, segundo a prefeitura, totalizaria R$ 5,2 milhões. Há profissionais que alegam não ter dinheiro nem para pagar contas de água e luz ou comprar alimentos.
Segundo Juliana, a entidade representativa de classe manterá o movimento, inclusive com os profissionais se concentrando nas escadarias da prefeitura. Desde 10 de dezembro, houve 32 atos da categoria.
PAUTA
Os professores também reivindicam o pagamento do Piso Nacional da Educação, uma solução para a carga horária excessiva, o retorno da vigilância nas escolas, a reforma de educandários que estão em situação crítica e a manutenção do início do ano letivo na primeira semana de fevereiro, como vai acontecer na rede estadual. “Trabalhamos com a informação de que, para economizar, a Secretaria Municipal de Educação começará o ano letivo depois do Carnaval”, diz Juliana.
Outro motivo para a permanência do movimento, segundo o sindicato, seria garantir a manutenção das turmas dos Centros de Educação Infantil, “especialmente nos bairros mais afastados, como é o caso do Recanto das Águas, Village do Lago, Monte Sião I, II e III”.
“Nós estamos organizados. Nossa luta é muito maior pelo pagamento de dezembro e das rescisões. Não estamos sozinhos, o sindicato é forte e tem peito para o enfrentamento”, diz Juliana. “Educação é de interesse de todos”.
Para hoje, está prevista a concentração dos manifestantes às 9h, na Praça Doutor João Alves, a Praça do Automóvel Clube. De lá, os servidores seguirão em carreata e passeata em direção à Praça Doutor Carlos e as imediações da residência do prefeito Humberto Souto.
O impasse entre a prefeitura e os servidores se agravou depois que o município alegou que só pagaria os profissionais quando recebesse parcelas atrasadas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que é transferido pelo Governo do Estado. Haveria verbas não pagas desde a gestão anterior, de Fernando Pimentel (PT).
Durante os protestos, os professores chegaram a ocupar corredores da sede do Executivo municipal. Para a semana que vem, está prevista uma reunião entre representantes da Prefeitura de Montes Claros e vereadores que integram a Comissão de Educação na Câmara.
A expectativa da Prefeitura é a de que com a troca de comando no Estado a situação seja normalizada.