Eduardo Brasil
Repórter
O vereador Guila Ramos - PR, vice-presidente da câmara municipal de Montes Claros discursou da tribuna da casa, na reunião desta terça-feira, 10, manifestando a sua preocupação com as medidas que estariam em curso e que tornarão ainda mais difícil o atendimento médico a doentes mentais na cidade, sobretudo aos que integram famílias de baixa renda.
Ele citou trechos de nota assinada por profissionais do segmento, acusando mudanças que serão aplicadas no atendimento do Hospital Prontomente, que deixará de assistir pacientes pelo SUS – Sistema Único de Saúde, passando a funcionar como uma clínica particular.
A preocupação do parlamentar em relação a essas mudanças já foi tema de outros de seus discursos no legislativo. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, ele levou o assunto à esfera parlamentar com a realização, pela câmara municipal, de uma audiência pública para debater o atendimento a portadores de doenças mentais em Montes Claros.
MANICÔMIO
Na ocasião da audiência pública, lembra Guila Ramos, teria ficado claro que a questão do atendimento a pessoas com transtornos mentais, no município, a exemplo do que ocorreria em todo o país, além da precariedade, é cercada de muita polêmica, sobretudo em relação ao antagonismo que psicólogos e psiquiatras travariam sobre a eficiência do tratamento de doentes mentais em manicômios.
- Alguns defendem a extinção dos manicômios, sinalizando para um atendimento através dos Caps, que ainda precisam ser regularizados em Montes Claros para esse fim – acrescenta o vereador, referindo-se aos centros de apoio a pacientes mentais.
Ainda segundo Guila Ramos, outros profissionais já defenderiam que, pelo menos, em alguns casos, quando o paciente não apresenta nível acentuado de agressividade, de violência, ele seja atendido pelos manicômios.
- Quando esse nível é superior ao limite permitido, os pacientes, hoje, são encaminhados para o Prontomente, onde podem ser atendidos através do SUS, ou não, uma vez que o hospital não possui certificado da vigilância sanitária, dependendo do que decidir a prefeitura através da Prontoclínica Hélio Sales, que gerencia os leitos hospitalares.
Com a unidade fechando as portas para o SUS, o vereador levanta uma questão crucial: para onde os doentes mentais de baixo poder aquisitivo serão enviados?
- Para as clínicas particulares? Certamente que não – ele mesmo responde.
LEITOS
O vereador também chama a atenção para o fato de que os pacientes com transtornos mentais não são somente os residentes em Montes Claros, mas de outras várias cidades do Norte de Minas – e até mesmo do Sul da Bahia, que da mesma forma têm nos serviços gratuitos do Prontomente, via SUS, a única alternativa para se tratarem, e onde existem 60 leitos.
- Existem outros 12 leitos em Montes Claros, no Hospital Universitário, também à disposição pelo SUS. Mas, são poucos em relação à grande demanda. Precisamos novamente debater o assunto, com mais rigor, não para polemizar, mas no sentido de encontrarmos alternativas que evitem o desamparo aos doentes mentais, principalmente de famílias pobres - finaliza o vice-presidente do legislativo municipal.