![]() Placa com anúncio das obras de alfaltamento: esperança de virar o jogo ao final do segundo tempo |
POR LUIS CLÁUDIO GUEDES
Não é segredo para ninguém que o atual prefeito de Manga, Anastácio Guedes, é uma invenção do irmão e deputado estadual Paulo Guedes, ambos do PT. Mal comparado, o deputado colocou um poste na prefeitura de Manga, assim como Lula levou sobre as asas da sua popularidade a ex-presidente Dilma Rousseff para a cadeira principal do Palácio do Planalto, em duas ocasiões. As semelhanças, no entanto, param por aí – em razão da desproporção entre as duas situações comparadas.
Faltam pouco mais de 100 dias para as eleições municipais e a dúvida é se Paulo Guedes terá força política, de per si, para eleger Anastácio para um segundo mandato. Mais do que dúvida até, é a curiosidade geral mesmo sobre o potencial de interferência que o petista ainda teria sobre a política local.
O atual prefeito de Manga é um sujeito bonachão, quase simplório, cujo temperamento de natural inofensivo não incentiva a ira dos adversários, alguns deles, esses sim, especialistas no jogo pesado das armadilhas e maldades da política, naquele sentido que Maquiavel emprestou ao tema.
É fato de domínio público que, sozinho, Anastácio não teria sido prefeito em Manga, porque lhe faltaria aquela capacidade de formulação para pensar projetos de gestão, além do jogo de cintura para a labuta cotidiana da política, com suas idas e vindas, os approaches no tempo das vagas gordas e as traições quando os ventos sopram na direção contrária.
Por esses e outros motivos é que a reeleição de Anastácio será desafio considerável. Por um lado, ele comanda o município numa quadra de crises financeiras e políticas na vida nacional, mas, a bem da justiça, não deixou degringolar as contas da Prefeitura: paga os funcionários e fornecedores em dia e não aumentou a dívida pública local com empréstimos bancários, a exemplo de muitos dos seus pares, quando perceberam que cofres estavam vazios. Esse é um dado positivo na atual conjuntura, mas, por óbvio, não é suficiente para garantir o segundo mandato.
A pouco mais de dois meses da eleição, não há indícios de que Anastácio já se movimenta no sentido de formar alianças e apoios para formação da base política que vai levá-lo à reeleição. O prefeito consome o curto espaço de tempo que lhe resta na flauta, na esperança, talvez, que o irmão e deputado estadual Paulo Guedes vá novamente ungi-lo à condição de prefeito de Manga. Não vai.
A base de atuação política do deputado Paulo Guedes chega a 100 municípios. Ele vai precisar virar madrugadas insones para conseguir dar atenção aos correligionários de situação e oposição em cada uma dessas praças pelos próximos 75 dias. De modo que terá pouco tempo para se dedicar à reeleição de Anastácio.
De resto, a situação do deputado já não é tão confortável em Manga, onde começa a perder espaço eleitoral após cada eleição – resultado das muitas promessas não cumpridas, em especial o asfaltamento da BR-135 entre Manga e Itacarambi, que tomou como causa própria durante os governos petistas, mas que não conseguiu entregar.
Só não se pode afirmar que Paulo Guedes mais atrapalha que ajuda a reeleição de Anastácio porque é visível o seu esforço para salvar a pátria nos últimos meses. Sua atuação junto ao governo estadual busca garantir algumas benesses para o município neste último ano de mandato. A mais expressiva delas, o asfaltamento da Avenida Ayrton Senna e bairros do entorno que, finalmente, valha-me Deus!, dá sinais de que deixa o status de promessa para virar algo concreto sobre a terra e o bairro, velhos conhecidos da população desses sítios.
O asfalto temporão pode ser a chance da redenção da administração Anastácio, após ver o tempo passar à espera que a (ex) presidente Dilma Rousseff viesse em seu socorro, com o envio de recursos do governo federal. Não foi, como se sabe, e agora o governador Fernando Pimentel tenta suprir essa lacuna. A boa notícia para Anastácio é que o asfalto ajuda.