Da Redação

A primeira audiência da Comissão Legislativa de Inquérito – CLI,ontem, 31, que apura possíveis irregularidades na atuação da Transmontes – empresa municipal de Transporte e Trânsito,  começou com 20 minutos de atraso – estava marcada para começar às 8h – e sem a presença de um dos membros, Valcir da Ademoc – PTB – ele chegou por volta das 9h.

Porém, além do atraso e falta de um dos relatores, a CLI começa já com tom de propaganda política para a administração Athos Avelino. E, bate-boca entre o presidente da Transmontes, José da Conceição Santos e os vereadores da oposição. Com direito também a chilique e dedo na face de Athos Mameluque – PMDB, em plenário.

Rosemberg Medeiros – DEM, autor do requerimento propondo a abertura da CLI com apoio de Fátima Pereira – PSDB, Athos Mameluque – PMDB, Lipa Xavier – PcdoB e Guila Ramos – PR, foi o primeiro a responder as perguntas dos membros da comissão.

Rosemberg caracterizou a Transmontes como inimiga pública da população de Montes Claros. Sendo que ao propor a abertura da CLI, desejo compartilhado por cinco vereadores, deseja que sejam apresentados documentos informando os valores arrecadados pela empresa e qual o destino que o dinheiro está tendo. Uma vez que em entrevista, em 2007, à TV Câmara, o presidente da Transmontes informou que os valores arrecadados vão para um caixa único do município.

O vereador ressaltou ainda a necessidade de se conhecer a verdadeira função da empresa. Educativa ou indústria da multa.

Outro levantamento apontado por Rosemberg foi em relação a presidência do órgão. Uma razão concreta para se substituir uma Engenheira de Trânsito – Ivana Colem, da presidência por uma pessoa ligada ao mundo político – no caso o atual presidente, José da Conceição.

Rosemberg solicitou ainda dos representantes da CLI que sejam feitos convites para o coronel Watson – 1º presidente da Transmontes e o ex-prefeito, Jairo Ataíde para falar sobre a real finalidade da empresa, já que foi implantada em sua gestão.

OPOSIÇÃO

Dois representantes da bancada da oposição, Fátima Pereira e Athos Mameluque, foram os únicos vereadores que não faziam parte da comissão e não iriam ser ouvidos, que participaram da audiência. Entretanto, não tiveram oportunidades de fazer perguntas para Rosemberg Medeiros e José da Conceição.

O presidente da CLI e líder do prefeito na câmara, Marcos Nem – PR, literalmente proibiu qualquer manifestação ou perguntas dos oposicionistas a atual administração.

- A CLI está licenciando o direito de questionamento da oposição – classificou Fátima Pereira.

CHILIQUE

O presidente da Transmontes, José da Conceição Santos, segundo a ser ouvido na CLI da indústria da multa, já chegou acusadando a abertura da comissão, de política para angariar votos. Afirmando ainda, que o autor do requerimento para instalação, por ser médico, não entende do assunto.

Ele, ainda, classificou a CLI como um fato político, mentiroso e para vereador aparecer à população. Cobrando inclusive uma denúncia formal feita por um cidadão vítima da empresa, que justificasse a instalação de uma comissão para investigar a Transmontes.

- O cidadão de Montes Claros que se multa. É um fora da lei, que não tem respeitado a legislação – afirmou José da Conceição.

Perguntado sobre o destino do valor arrecadado, o presidente da empresa, tentava mudar o foco da pergunta, passando a fazer propaganda política para o prefeito Athos Avelino.

Foi necessário que um dos membros da comissão, Guila Ramos, o pedisse para responder apenas dos questionamentos.

Ele informou que são aplicadas em torno de 1875 multas, por mês. Mas envolvendo PM, DER e Transmontes. Em relação a Montes Claros, sempre se desvencilhava do real fato.

Sobre o valor arrecadado, o presidente ratificou que de janeiro a setembro de 2007 foram arrecadados R$ 756 mil com autos de infração. Porém em nenhum momento foi apresentado qualquer tipo de documento comprovando as informações.

Ao ser questionado por Athos Mameluque – que mesmo sendo proibido de se manifestar pelo presidente da CLI, sobre a transparência das informações, José da Conceição perdeu o equilíbrio. E começou a bater boca com o vereador, o desafiando inclusive a provar judicialmente sua fala. Depois do chilique, o presidente da empresa, voltou a responder as perguntas, mas sempre com ar de deboche.

Guila Ramos chegou a repreendê-lo , afirmando que a CLI não busca voto, e, é obrigação da câmara fiscalizar qualquer órgão municipal que utiliza o dinheiro público.

PRÓXIMO ENCONTRO

Depois de muita propaganda política, o presidente da CLI, Marcos Nem informou que vai avaliar os questionamentos feitos pelos vereadores. E que será encaminhado requerimento à Transmontes solicitando as informações que não foram prestadas pelo presidente, com prazo determinado de entrega. A solicitação incluirá o valor das multas aplicadas de 2005 a 2007.

MAIS CONFUSÃO

Logo depois do encerramento dos depoimentos, um bate-boca tomou conta do plenário.

José da Conceição se dirigiu ao local onde estavam os vereadores da oposição indagando ainda a transparência da Transmontes e sobre o fato de entender o que é ser oposição.

Fátima retrucou dizendo que não tem dificuldade em ser oposição. Difícil é defender este governo.

O presidente da empresa chegou a colocar o dedo na cara de Athos Mameluque. A confusão foi controlada pela turma do deixa isso. José da Conceição foi retirado pela porta dos fundos.