Prefeito termina 2006 como começou 2005: impondo suas vontades na câmara municipal, diz vereador

Jornal O Norte
19/12/2006 às 10:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:46

Vereador acusa prefeito de novamente interferir nos trabalhos legislativos para defender seus interesses políticos e contra o povo, pressionando pela derrubada de projetos de grande alcance social e oriundos na sua maior parte da oposição

Eduardo Brasil


Repórter


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O vereador Athos Mameluque – PMDB disse lamentar que o prefeito Athos Avelino – PPS chegue ao fim de 2006 conseguindo exercer, na câmara municipal de Montes Claros, as mesmas ingerências que marcaram sua administração ao longo dos últimos dois anos.




Athos Mameluque critica excesso de projetos na pauta de votação e diz que Athos Avelino demonstra de novo sua ingerência na casa legislativa


(foto: Wilson Medeiros)

Para ele, o fato de a casa colocar em pauta, para votação amanhã, em sessão extraordinária, nada menos que trinta projetos de lei, a maioria oriunda da oposição, demonstra que o executivo mantém seu estilo de fazer aprovar somente as matérias que são de seu interesse, seja da situação ou da oposição.

- Não importa de quem seja. Se não for dele, da sua vontade, o projeto é derrubado e acabou. É o prêmio que o prefeito dá aos vereadores que o apóiam no legislativo – disse, referindo-se, por exemplo, a projetos dos vereadores Aurindo Ribeiro (sem partido) e Lipa Xavier – PCdoB, de alcance social inestimável, isentando do pagamento de tarifas no transporte coletivo urbano pessoas com idade a partir dos sessenta anos e instituindo o meio-passe para estudantes.

- Esses também não passam pela arbitrariedade do prefeito.

QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

Athos Mameluque afirma que os vereadores não terão tempo suficiente para votar tantos projetos, que deveriam ter sido colocados em pauta no decorrer do ano legislativo.

- Ocorre que o prefeito agiu nos bastidores e tratou de fazer amontoar todos os projetos da oposição para a última hora, possibilitando que as matérias sejam votadas e rejeitadas em bloco.

Para o parlamentar, o procedimento de Athos Avelino, ao interferir nos trabalhos legislativos seria mais um golpe do prefeito contra o povo. Ele justifica a sua previsão de que todos os projetos serão rejeitados, aproveitando também que a maior parte deles recebeu parecer de ilegal, de acordo com a compreensão de renomado advogado de Belo Horizonte, acionado pelo legislativo.

- E de cuja idoneidade, eu já disse, guardo minhas dúvidas. Mas, repito também que o plenário tem soberania para derrubar o parecer. É uma questão de consciência e é consciência, em nome do povo que espera isso de nós, vereadores, que espero de meu colegas.

DOA A QUEM DOER

O propósito do prefeito segundo Athos Mameluque é, mais uma vez, impedir que projetos de autoria da oposição sejam aprovados, ainda que seus aliados paguem o mesmo preço do arbítrio que ele acusa ter se tornado uma praxe nos domínios da casa parlamentar desde 2005.

- Entre os projetos, está um de minha autoria e que beneficia os funcionários demitidos da Esurb, que não tiveram seus direitos trabalhistas observados pelo prefeito municipal. Mais uma confirmação de que ele não está nem um pouco preocupado com a situação de desespero em que colocou centenas de pais de família que ficaram desempregados.

O projeto de Athos Mameluque estipula o pagamento de dois salários mínimos por cada ano trabalhado, como forma de corrigir o crime perpetrado contra o servidor perseguido por Athos Avelino.

- Mas o pagamento dos benefícios foi feito a alguns dos funcionários demitidos: aqueles que foram colocados na empresa através do prefeito e de seus assessores. Esses saíram com dinheiro no bolso. Nós é que saímos com uma mão atrás e outra na frente – reitera Maurisan, vice-presidente do bairro Cidade Industrial, crítico da atual administração e que foi mandado embora após quase três anos de serviços na Esurb.

PILATOS

Segundo o vereador Athos Mameluque, o prefeito, que sugeriu que os funcionários demitidos da Esurb procurassem a justiça para cobrarem seus direitos aos prefeitos que o antecederam – Tadeu Leite – PMDB e Jairo Ataíde - PFL, não pode agir como um Pôncio Pilatos, lavando a mão da responsabilidade que teria no episódio.

- Se o prefeito pensa que a responsabilidade não passa por ele, está enganado. Ele também pode ser responsabilizado pelos tribunais pelo crime que fere a Constituição Federal – observa Mameluque, lembrando o fato de Athos Avelino ter sido, nos últimos dois anos, como prefeito municipal, o agente pagador dos vencimentos dos setecentos trabalhadores demitidos da Esurb.

- Se ele não queria responsabilidade no assunto, deveria ter demitido os empregados no primeiro dia de seu governo. Isso ele não fez e pode ser que o detalhe de ser tão culpado, tanto quanto ele diz que são os seus antecessores, o faça mudar de posição, possibilitando que a câmara se veja livre para votar de acordo com a sua consciência.

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