Márcia Vieira
Repórter

Na manhã desta quinta-feira 27, a Câmara Municipal de Montes Claros promoveu audiência pública para discutir a volta da gestão plena de saúde ao município, a partir de proposição da vereadora Maria Helena Prates, que integra a comissão de saúde da casa. Convocado para o encontro, o prefeito municipal, que já anunciou publicamente que não vai cuidar da saúde do município, mais uma vez, não compareceu. Em seu lugar, enviou a secretária de saúde.

O público que participou da discussão foi unânime ao afirmar que esta responsabilidade é do município e não do Estado.

- Montes Claros é uma cidade polo e não pode deixar de ser. O prefeito foi eleito dizendo que ia lutar pra trazer a gestão plena de volta ao município. Agora ofereceram a ele e ele não quer. Se não tem condição de administrar uma cidade deste tamanho, então não pode ser prefeito - desabafou Roberto Coelho.

AUSÊNCIA
A ausência de representantes dos hospitais da cidade também foi notada. O único a participar da audiência foi o superintendente do Hospital Universitário, José Otávio Braga Lima. Para ele a superlotação dos hospitais mostra que está faltando estratégia e envolvimento dos órgãos que fazem a saúde pública.

- É urgente a saúde voltar para o município. O conselho municipal que é um órgão fiscalizador, hoje está desarticulado porque também não sabe direcionar quem procura atendimento. É necessário que a gestão da saúde volte ao município e que seja plena, que a secretaria municipal monte as estratégias necessárias para que não ocorra o que está ocorrendo agora - disse José Otávio.

O superintendente revelou ainda não existir em Montes Claros, neste momento, nenhum leito disponível, em nenhum dos hospitais.

- A sala vermelha, que é para estabilizar o paciente, virou uma UTI porque não tem pra onde encaminhar os pacientes. É uma pena a ausência dos parceiros da saúde aqui neste momento - afirmou José Otávio.

BASTIDORES REVELADOS
Jairo Bento, que trabalhou por vários anos na Santa Casa usou o microfone para denunciar os bastidores da instituição.

- O paciente fica no corredor. A vaga só está garantida se a pessoa pagar por isso. Parem de proteger esta instituição. Eu trabalhei 27 anos lá dentro. Eu gostaria de estar na frente de um juiz sério pra falar sobre as mazelas que acontecem naquele lugar – disse o ex-funcionário da Santa Casa.