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Quinta-Feira,26 de Dezembro
POLÍTICA

População busca resposta sobre rombo na Câmara

Manifestantes questionaram vereadores de Montes Claros sobre sumiço do dinheiro público

Márcia Vieira
Publicado em 27/11/2024 às 04:54.

Em busca de resposta para o rombo de mais de dois milhões de reais dos cofres públicos, cerca de 20 mulheres estiveram na Câmara Municipal de Montes Claros. Durante a sessão de terça-feira(26), elas manifestaram a incredulidade em relação aos fatos. 

Revoltada, a assistente social, Sônia Gomes de Oliveira, acredita que a questão não pode ser tratada como “normal” e as providências no podem ser apenas internas. “É necessário que a sociedade seja informada dos fatos de maneira transparente. Para onde foi esse dinheiro? De que forma é isso? Nós queremos esclarecimentos. A sociedade precisa ter clareza do que está acontecendo. O dinheiro é público, não é da Câmara, nem de vereadores”, diz. Segundo ela, é inadmissível que enquanto o dinheiro público desaparece, a cidade tem inúmeras pessoas em situação de vulnerabilidade. “Na periferia falta tudo. Lidamos com essa triste realidade. Esse dinheiro poderia ser investido em equipamentos da assistência social, por exemplo”, afirma Sônia, que reitera a necessidade de revisar os altos salários pagos aos servidores, que chegam a quase R$ 50 mil reais. “Queremos também que o Ministério Público e a sociedade acompanhem isso”.

Para Denise Borges, dona de casa e servidora aposentada da CEMIG, é um absurdo o rombo na Câmara e mais ainda, a ausência de manifestação do Executivo. “O silêncio da prefeitura e a indiferença ao que está acontecendo, é ensurdecedor. Esperávamos que a prefeitura, que é quem faz o repasse dos valores, questionasse à gestão da Câmara o motivo do rombo”, destacou. 

Manifestação
Os manifestantes lavaram a escadaria da Câmara em ato simbólico. Populares que passavam pela rua buzinavam e aplaudiam o ato, em apoio aos manifestantes, que em seguida foram para o plenário. “Mas antes de passarmos na catraca que dá acesso à parte de dentro da Câmara, os guardas foram chamados, na tentativa de nos intimidar. Um deles disse que nós podíamos entrar, mas que teríamos que ficar em silêncio total. A Câmara é a casa do povo e todo cidadão deveria frequentar e cobrar dos vereadores. Eles trabalham para o povo e não o contrário”, indigna-se Denise.

CLI
A pedido da vereadora Iara Pimentel (PT) foi instaurada uma Comissão Legislativa de Inquérito ( CLI) para apurar os fatos. A comissão será presidida pelo vereador Daniel Dias (PCdoB), como vice-presidente, vereador Marcos Nem (Pode) e como Relator, vereador Marlus do Independência (PSD). A primeira reunião da CLI foi realizada nesta segunda feira, 25, e a próxima está marcada para a semana que vem, quando, de posse da documentação solicitada, os parlamentares deverão avaliar as oitivas e depoimentos necessários à condução dos trabalhos. A Comissão tem o prazo de 30 dias para apresentar os resultados. O vereador Daniel Dias afirmou que está seguindo as deliberações para investigação e apuração acerca do déficit orçamentário. “Se a CLI detectar fatos possíveis de ação popular, acionaremos o Ministério Público”. Sobre a manifestação, o parlamentar afirmou que “é garantida pelo Estado Democrático de Direito. Temos que defender o direito à livre expressão, mas combater fake news e mentiras. É importante a presença da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais para acompanhar, fiscalizar e cobrar posicionamento dos representantes. O Legislativo é a casa do povo, a democracia tem que ser defendida”, concluiu.

O presidente da Câmara, Júnior Martins, afirmou a reportagem que “encarou a manifestação como legítima e pacifica”.

A prefeitura de Montes Claros até o momento não fez nenhum pronunciamento a respeito do caso e não respondeu aos questionamentos enviados.

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