Pequeno exército de um candidato quase só

Para adversários, lançamento da candidatura de ex-prefeito em Manga é prematuro e de baixo peso político entre aliados

Jornal O Norte
Publicado em 09/06/2016 às 07:00.Atualizado em 15/11/2021 às 16:03.

Por Luis Cláudio Guedes


Pressionado por aliados, o ex-prefeito de Manga Joaquim Oliveira (PPS) resolveu antecipar o lançamento da sua candidatura à sucessão do atual titular do cargo, Anastácio Guedes (PT). O site apurou que Quinquinha, como ele é conhecido, começou a receber críticas de correligionários por não ter adotado, ainda, a postura mais firme de quem deseja realmente disputar as eleições em outubro próximo. O ex-prefeito administrou a saia justa até aqui, mas mudou de ideia quando soube que o prefeito Anastácio deve iniciar, nos próximos dias, pacote de obras para os bairros Arvoredo e Cruzeiro Novo, onde mora pelo menos um terço a população da cidade.

A pressa, nesse caso, foi, mais uma vez, e ao que tudo parece indica, inimiga da perfeição. Adversários do ex-prefeito avaliam que ele deu um tiro no pé ao se colocar na boca da cena a quatro meses da eleição. Partir para o corpo a corpo com o eleitor 45 dias antes do prazo legal para a realização das convenções figura como estratégia de alto risco. A Lei 13.165, a da reforma eleitoral, reduziu o tempo de campanha para 45 dias – ante os 90 dias de eleições anteriores. Esse é o motivo do paradeiro entre os partidos. Resumo da ópera: está todo mundo na moita e quem botar a cabeça para fora antes do tempo tende a sofrer desgaste que poderia ser evitado.

Por essa análise, o ex-prefeito pode ter incorrido no mesmo erro da terceira via anunciada no último mês de fevereiro pelo vereador Luiz Carlos Santana Caíres, o Luiz do Foguete (PRB). A tentativa de oferecer caminho alternativo ao eleitor envolvia ainda o PR, do ex-vereador Maurício Magalhães, mas o movimento implodiu antes da hora. Hoje ninguém mais leva o assunto a sério. Luiz do Foguete, por sinal, foi a única novidade a aparecer na foto do encontro do PPS na casa de Henrique Fraga, candidato a vice na chapa de Quinquinha. Mas até as pedras do cais de Manga sabe que Luiz só será vice de Joaquim do Posto de conseguir aplainar as arestas dentro do PRB do atual vice-prefeito Eliel Dourado - que sequer foi convidado para a festa de Quinquinha.

- Não vi nenhuma liderança política propriamente dita na foto divulgada pelo ex-prefeito. Onde estão nomes importantes da política local, em que se incluiriam médicos e advogados e mesmo lideranças políticas com alguma expressividade no município? - provoca o vereador Leonardo Pinheiro (PSB), ele também pretenso candidato ao cargo de prefeito em outubro próximo. Pinheiro observa ainda a ausência de representantes da sociedade civil, líderes comunitários e do associativismo na foto de lançamento da candidatura do ex-prefeito.

Outro político local, que pede para não ser identificado, diz que Joaquim Oliveira passou recibo do temor que parece ter de que o prefeito Anastácio possa fazer uma virada daqui até o dia da eleição.

- Quando diz que Manga precisa ser administrada com respeito e dignidade durante os quatro anos de mandato, e não apenas nos últimos seis meses que antecedem às eleições, ele demonstra incômodo com as obras do asfalto da Avenida Ayrton Senna e outros movimentos recentes da administração - diz essa fonte, para quem Quinquinha demonstra certo desespero para quem supostamente estaria na lideranças de todas as pesquisas.

- Acho que a estratégia dele é muito boa, só que para os adversários - ironiza.

A lista de partidos que deve compor a coligação que vai apoiar a tentativa do ex-prefeito voltar ao cargo é bastante emblemática das dificuldades que ele tem encontrado para montar sua chapa. Os partidos aliados PTB, PDT, PP e PSDC são poucos representativos na cena política local – exceção, talvez, ao PTB e PP, que têm representação na Câmara Municipal.

Já o PRB, também citado na nota divulgada pelo ex-prefeito, enviou para o encontro apenas o vereador Luiz do Foguete, aquele que sonhava em disputar a vaga de prefeito, agora corre atrás da vaga de vice, mas pode acabar mesmo é com prêmio consolação da reeleição para a Câmara Municipal.

CAMPANHA NA RUA
No mais, o ex-prefeito Joaquim do Posto acena com seu desejo (e aqui é possível acrescentar: trata-se mais de desejo que fato concreto) de “manter o diálogo com os partidos de oposição [sic], e a união de todos para que Manga possa trilhar novamente rumo ao progresso”. Tudo que Quinquinha e o seu reduzido exército de poucas lideranças pode conseguir nessa altura do campeonato. A partir de hoje, e na condição de pré-candidato, ele vai precisar sair a campo.

O ex-prefeito botou seu pequeno exército na rua e está sujeito ao assédio do eleitor, com suas demandas e expectativas. O deputado estadual Paulo Guedes, o principal rival de Joaquim do Posto na cena local, pode exibir agora um maroto sorriso de Monalisa.

Quinquinha dá sinais de que teria mordido a isca, em dia de amadorismo explícito. Caso o ex-prefeito se dê ao trabalho de olhar para o seu entorno, no Norte de Minas mesmo, é pouco provável que encontre alguém que, com alguma chance de vitória, como é o seu caso, tenha tomado a decisão abrir sua condição de candidato. Se tentou produzir um factoide para mostrar força política, Quinquina parece ter dado mesmo foi um belo tiro na canela.

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