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Segunda-Feira,19 de Maio

Pela preservação dos quilombos

Audiência Pública na Câmara Federal debate a cultura e a manutenção dessas comunidades em Minas e no país

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
Publicado em 23/11/2018 às 06:44.Atualizado em 28/10/2021 às 01:57.

A presidente da Comissão de Cultura, deputada Raquel Muniz (PSD), preocupada com a preservação da história e memória dos quilombolas, levou o assunto para ser discutido na Câmara Federal, por meio de Audiência Pública que celebrou ainda o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em todo o país em 20 de novembro.

“Falar de Minas Gerais é falar de 853 municípios. É um momento ímpar de trazer essa discussão para o Brasil. A história tem que permanecer viva, mas precisa da ajuda dos parlamentares para mostrar ao Brasil essa origem e o que ainda pode ser feito”, disse Raquel.

“Minha família foi despejada quando descobriram que a terra tinha muito ouro. Consideraram inválida a documentação das terras e todos foram despejados. Em 2003, a família entrou na Justiça e ainda luta para que haja justiça. Residimos em um bairro de Paracatu, mas os líderes faleceram e isso enfraqueceu a nossa comunidade. Fomos forçados a mudar o estilo de vida, perdemos as nossas crenças e todos tiveram de procurar meios de sobrevivência. A gente espera poder voltar às nossas raízes”, relata a pedagoga Maria Hermínia de Souza, remanescente do Quilombo dos Amaros, que fica entre Paracatu e Unaí.
 
RESGATE
Convidado pela deputada para participar da audiência, Isac Costa Arruda, secretário de Cultura e Turismo da cidade mineira de Paracatu, que abriga cinco comunidades quilombolas, destacou os impactos sofridos a partir da transferência dos povos do seu lugar de origem.

“Dentro das nossas tradições temos cinco quilombos reconhecidos pela Fundação Palmares. Dois deles deixaram de ter a sua terra. Não se extinguiram as pessoas, mas uma parte da cultura deste povo. Quando você altera a moradia, descaracteriza e não traz apenas o transtorno do estado físico, mas sérias consequências psicológicas a quem vive lá. Quando você transporta um quilombo de lugar, eles são transformados na sua maneira de ser, pensar e agir”, relata o secretário, que busca, a partir do debate, sensibilizar as autoridades.

“Não é a exaltação de uma cultura só, até porque, a cultura não tem cor, cheiro e denominação. A cultura e a arte são as expressões de um povo e precisam ser valorizadas por este aspecto. Parabenizo a deputada por essa oportunidade”, destacou o secretário.
 
DADOS
A Fundação Cultural Palmares aponta a existência de cerca de 3 mil comunidades quilombolas no país. Porém, os números são controversos.

Está em andamento, pelo IBGE, uma metodologia que inclua no próximo Censo Demográfico, previsto para 2020, dados relacionados às comunidades quilombolas. A partir das informações, será possível desenvolver as políticas públicas voltadas para estes povos.

A publicação dos primeiros dados está prevista para 2021 e, os resultados finais, para 2022.

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