Partido Verde expulsa Júnior de Samambaia

Jornal O Norte
08/12/2006 às 12:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:46

Eduardo Brasil


Repórter


www.onorte.net/eduardobrasil

Vereador lamenta pré-julgamento


de aliados políticos


e diz estar triste e decepcionado


com a executiva do PV

O vereador, Júnior de Samambaia, que ao lado de Aurindo Ribeiro compõe a bancada do PV - Partido Verde na câmara municipal de Montes Claros foi surpreendido, sexta-feira, ao ser informado pela reportagem de O Norte de decisão da executiva da legenda que resolveu expulsá-lo de suas fileiras. Em nota distribuída à imprensa, o presidente do diretório municipal do PV, André Emerson de Souza comunicou a saída forçada do ex-correligionário, apontando dois motivos que justificariam, segundo ele, a deliberação: o envolvimento do nome do vereador no episódio que passou às manchetes da imprensa política e policial como o dos pombos-correios e sua inadimplência em relação à contribuição financeira partidária.

- Estou surpreso e triste. Ainda mais tomando conhecimento de tal medida pela imprensa, já que ninguém da executiva me comunicou e nem me procurou para falar sobre o assunto até agora – disse, sexta-feira à tarde.

DECEPÇÃO

O vereador acrescentou também a sua decepção com o presidente André de Souza, pela maneira com que ele teria conduzido o processo de sua expulsão e a forma com que o tornou público.




Júnior de Samambaia ficou sabendo de


sua expulsão através de O Norte:


- Ninguém me procurou para dizer nada


(foto: arquivo/ Wilson Medeiros)

- Eu entendo a decepção do vereador. Afinal, quando o PV, recentemente, quis cassar o mandato do seu presidente, por falta de decoro, face à sua participação escandalosa em ensaio de bacanal pornográfico que circulou na Internet, Júnior de Samambaia saiu em sua defesa. Errou feio, é verdade – completa um correligionário do parlamentar, que pediu anonimato. 

- Fica difícil para Júnior de Samambaia aceitar uma decisão orquestrada por uma pessoa desse nível, sem nenhum caráter para pregar tanta moralidade – acrescenta, suspeitando que a medida teria sido uma retaliação ao vereador por ter sido flexível na composição da nova mesa diretora com a oposição na câmara municipal, o que teria desagradado o chefe do executivo.

A NOTA

Na nota distribuída por André de Souza, que viria a ser parente do prefeito Athos Avelino – PPS, o presidente do PV frisa que a expulsão de Júnior de Samambaia dos quadros do partido se deveu ao seu indiciamento pelo ministério público pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica.

Ainda de acordo com a nota, contra o vereador pesaria, ainda, a sua inadimplência perante a contribuição financeira mensal partidária, atrasada em quatro meses.



- O presidente nada mais fez do que incorrer no meu pré-julgamento – disse Samambaia, referindo-se à menção de seu indiciamento no episódio das notas fiscais dos Correios, suspeitas de falsificações, e das quais ele e outros vereadores teriam se utilizado para desviar verbas públicas destinadas aos gabinetes da câmara municipal.

- Todos são inocentes até prova em contrário e todos têm direito de defesa. O ministério público sequer me notificou a respeito do assunto. Sinto uma grande decepção pelo fato de estar sendo pré-julgado pelos meus próprios companheiros de partido.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Em relação ao débito com o partido, Júnior de Samambaia diz que a sua decisão de suspender o pagamento da cota mensal de contribuição financeira ao PV foi previamente anunciada à sua executiva.

- Eu fui pessoalmente ao escritório do partido e anunciei a minha decisão. Disse que não continuaria contribuindo com a legenda até que a sua direção tornasse transparente a prestação de contas dos recursos arrecadados. É justo.

O vereador, futuro primeiro-secretário da mesa diretora do parlamento municipal, em 2007, lamenta a sua expulsão do PV.

- Sempre fui um vereador leal aos programas do Partido Verde, sigla à qual sempre pertenci, desde que me iniciei na vida pública. Acredito que nosso trabalho na câmara tem contribuído para a ascensão da legenda, que até 2004 não era conhecida pelo eleitorado de Montes Claros. Não gostaria de deixar a legenda, sobretudo desta forma, quando me sinto forçado a fazê-lo por uma decisão unilateral. Não são todos que pensam como o presidente André de Souza – concluiu o vereador que, apesar de não ter anunciado, deverá recorrer da decisão da executiva do PV.

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