Por Jerúsia Arruda
Na última sexta-feira (26), foi celebrado o Dia Internacional da Igualdade Feminina, marcando o dia em que as mulheres foram às urnas pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1920. A data destaca a história de lutas das mulheres em busca da valorização de gênero, paridade educacional e profissional e de aumento da participação feminina na política, conquistas resultantes do movimento sufragista norte-americano, composto por mulheres de diversas classes sociais, que chegaram a recorrer à desobediência civil para garantir o direito de votar.
- No século passado, nós mulheres lutamos nas ruas pelo direito ao voto. Para mostrar que eram tão capazes quanto os homens passaram a usar termo e gravata. Elas foram chamadas sufragistas. Ao me tornar a deputada federal mais votada de Minas, decidi homenageá-las e adotei o terno e a gravata como minha vestimenta. Ao usar, como elas, o terno e a gravata, me visto da força daquelas mulheres para continuar a lutar, porque, se agora podemos votar, ainda somos sub-representadas na política – ressalta a deputada mineira Raquel Muniz (PSD)
O Brasil adota, desde 1997, a regra que reserva, nas eleições proporcionais, no mínimo 30% e no máximo 70% de vagas para cada sexo nas listas de candidatos dos partidos políticos (a Lei Eleitoral 9.100, promulgada em 1995, previa o mínimo 20%). Em relação à quantidade de parlamentares, se comparado aos outros países, o Brasil está próximo das últimas posições no que se a refere mulheres nos legislativos federais, estaduais e municipais (entre 10% e 15%).
Inspirado no movimento sufragista, o Tribunal Superior Eleitoral lançou, neste ano, a campanha ‘Igualdade na Política’, com a proposta de incentivar a participação da mulher na política, por meio da candidatura a cargos públicos.
A ideia de incentivar a participação feminina na política vem ganhando corpo desde 2014, quando o TSE realizou a campanha pela primeira vez, no rádio e na televisão. Desde então, o número de mulheres candidatas aumentou em 71% em 2014 na comparação com 2010. A partir da Reforma Eleitoral de 2015, a campanha passou a ser obrigatória.
Raquel Muniz destaca que, ao contrário do que muitos pensam, a mulher tem um papel a cumprir.
- Não queremos tomar o lugar dos homens, mas trabalhar em parceria com eles para a construção de um mundo digno. Nós mulheres temos muito a contribuir, porque temos uma visão de mundo diferente da dos homens, temos experiências diferentes. As duas experiências aliadas, sem dúvida, vai nos permitir construir um mundo socialmente mais justo – avalia.
ELEIÇÕES 2016
Apesar de ainda tímida, a participação feminina na politica vem crescendo. Nas eleições municipais desse ano, dos 490.559 candidatos, 154.309 mulheres são disputam o cargo de prefeita e vereadora (31%). Em Minas, foram registradas 77.685 candidaturas, sendo 24.431 mulheres (31%). Em Montes Claros, dos seis candidatos na majoritária, duas são mulheres, e dos 394 candidatos a vereador, 127 são mulheres (32%)
A montes-clarense Thaís Ramone, de 20 anos, estudante de jornalismo, diz que decidiu se candidatar a vereadora motivada pelo desejo ficar mais perto da população e ajudar ao povo de alguma forma.
- O que me motivou foi o interesse que tenho em fazer a diferença, de saber que de alguma forma vou influenciar essa juventude. Minhas expectativas, se eleita, é trazer projetos novos, lutar por educação, trabalhar exclusivamente para atender às necessidades do meu povo – justifica.
MULHERES NO PODER
Nova Porteirinha, cidade norte-mineira de 7.642 habitantes, desde sua emancipação, em 1995, sempre contou com a representação feminina na gestão pública municipal. Na legislatura de 2005 a 2008, por exemplo, dos 9 vereadores, cinco eram do sexo feminino. Já na eleição deste ano, para cada dois candidatos do sexo masculino há uma mulher disputando vaga na Câmara Municipal. A Justiça Eleitoral recebeu o pedido de 46 candidaturas a vereador, sendo, destes, 15 mulheres. Na majoritária, são três candidatos a prefeito, sendo uma mulher.
Uma delas é Marilza Pereira Souza Mendes (PP), que foi eleita três vezes consecutiva vereadora (de 1997 a 2004) e está no segundo mandato seguido de vice-prefeita (2009 a 2016), e neste ano é candidata à prefeita.
A vereadora Joélia Barbosa Santos (PMDB), no seu segundo mandato, disputa a terceira eleição seguida. Além dela, outras duas mulheres estão no páreo: Maria Antônio Lima (Solidariedade) e Regina Antônia de Freitas (PSL).