Oposição não aceita trégua

Jornal O Norte
Publicado em 24/01/2007 às 09:51.Atualizado em 15/11/2021 às 07:56.

Eduardo Brasil


Repórter


www.onorte.net/eduardobrasil



CORI PROPÕE TRÉGUA...



O presidente da câmara municipal de Montes Claros, Cori Ribeiro - PPS estreou no cargo, na reunião de ontem - a primeira do ano, reiterando sua disposição de conduzir os trabalhos legislativos pelos próximos dois anos primando pela harmonia entre os membros da casa, para que sejam construídas políticas públicas verdadeiras, que de fato beneficiem a população.






Cori Ribeiro, ao centro da mesa diretora da câmara


(foto: Wilson Medeiros)



Lembrando convergências que no fim do ano passado levaram os vereadores à chapa única para a sucessão do ex-presidente Ildeu Maia – PP, encabeçada por ele, apesar de outros postulantes ao pleito, que até o último instante mantiveram suas candidaturas, Cori Ribeiro manifestou seu desejo de dar continuidade à união que se consolidou na aclamação da nova mesa diretora. Ele também reafirmou o compromisso de buscar a independência do legislativo em relação aos outros poderes constituídos, para que os vereadores tenham o seu valor reconhecido como membros da mais importante casa que integra os Três Poderes.



- Por isso, reitero meu apelo pela convergência, nesta casa e desta casa com os demais poderes, para que somemos positivamente no desenvolvimento de Montes Claros.



TENTAR ACERTAR



O presidente do legislativo fez questão de dirigir palavras ao vereador Ruy Muniz – PFL, um dos responsáveis pela construção do consenso que culminou na chapa única que o ascendeu ao cargo, reforçando sua expectativa de que o deputado eleito continue demonstrando o mesmo discernimento ao se tornar representante da cidade e da região na assembléia legislativa de Minas Gerais.



- Vamos continuar de mãos dadas com Montes Claros. Dar as mãos, independentemente de posições políticas. Precisamos agregar valores para atender aos interesses do povo – acrescentou, elogiando a desenvoltura do colega de plenário, que integra a bancada de oposição, e que nem por isso deixou de abrir mão de posições políticas para apoiar deliberações democráticas e que contribuam verdadeiramente com o desenvolvimento municipal.



Para o ex-porta-voz do executivo, buscar a união, afastando arestas sectárias, é uma experiência que a câmara municipal não pode deixar escapar, para que some com a administração municipal na busca de soluções para os problemas de Montes Claros. 



- Se errarmos, não terá sido porque não tentamos acertar – concluiu Cori Ribeiro.



OPOSIÇÃO NÃO ACEITA...



Apesar dos apelos de Cori Ribeiro - por uma harmonia que contribua com a administração do município, a oposição na câmara fez ouvido de mercador e não hesitou em lançar novas críticas ao governo Athos Avelino, a exemplo do que fez nos dois anos anteriores.



O vereador Athos Mameluque – PMDB, por exemplo, iniciou sua contrariedade com a imobilidade da administração, duvidando que ela implante na cidade o maior canteiro de obras de sua história, referindo-se a matéria publicada por O Norte (terça-feira 23, edição 565), em que Cori Ribeiro anuncia que o município terá o maior canteiro de obras de toda a sua história com a administração de Athos Avelino, mostrando-se cético de que venha a acontecer.



- E, se acontecer, será por mérito do Estado. As obras são do governo Aécio Neves. A administração municipal, na verdade, não realiza nada, é uma administração acanhada e que trata de responsabilizar suas antecessoras pelos problemas que provoca na vida do povo – ressaltou.



ARGUMENTO SUPERADO



Athos Mameluque diz que o povo já não tolera ouvir a atual administração culpar as administrações de Tadeu Leite – PMDB e Jairo Ataíde – PFL pelos problemas que enfrenta.



- Ora, esse argumento já caducou, assim como já caducou a ladainha de que o prefeito, devido à sua inexperiência, precisava de tempo para aprender a governar o município – disse, emendando às suas críticas o fato de a administração penalizar não somente o povo, mas também os servidores.



- O servidor ainda não recebeu o 13° salário e nem o salário de dezembro de 2006. Um fato inédito, nada honroso para o prefeito, o mesmo prefeito que demitiu centenas de trabalhadores da Esurb, sem que tivessem sequer seus direitos trabalhistas respeitados – acrescentou Mameluque, informando que deu entrada na mesa diretora com projeto de lei de sua autoria, autorizativo, rejeitado no ano passado, e que procura indenizar os servidores demitidos da empresa de serviços urbanos.



- No ano passado, o prefeito exigiu que sua bancada derrotasse o projeto. A minha decisão de reapresentá-lo está sustentada na minha esperança de que desta vez os vereadores o aprovarão, com independência, por fazer justiça a um povo discriminado pela política do prefeito.



...E EXIGE DESEMPENHO DA PREFEITURA



Fátima Pereira - também estreou 2007 na tribuna da câmara tecendo críticas à administração municipal. Em relação ao apelo do presidente, Cori Ribeiro, pela harmonia dos vereadores, observou não ser da turma do cada vez pior, melhor, mas que não mudará seu comportamento no plenário, enquanto a administração não disser a que veio.



- Não mudarei meu discurso para agradar o prefeito em nome da harmonia virtual. Respeito o apelo do presidente, e também desejo essa harmonia, mas desde que faça bem também ao povo de Montes Claros. Mas o povo não está bem. Porque ele não vive numa cidade virtual, maravilhosa, como insiste o prefeito em nos fazer crer pela televisão e por folders que custam uma fortuna. O povo vive numa cidade real e a realidade dessa cidade é feia – disse ela, exibindo exemplar de O Norte, que destaca as precárias condições de vários bairros da cidade.



TEMPO DEMAIS



A vereadora censurou o fato de o prefeito Athos Avelino ter pedido um tempo para aprender a ser prefeito e que esse tempo foi além do necessário.



- Ele reiterou na imprensa que pediu dois anos para aprender a função de prefeito. O povo lhe concedeu o prazo. Até demais: dois anos. O tempo acabou e ele não aprendeu nada do ofício.



Ainda de acordo com Fátima Pereira, como disse Athos Mameluque, seria mesmo difícil acreditar que a atual administração conseguirá desenvolver projetos importantes para o segmento social, como promovendo um gigantesco canteiro de obras, considerando que o tempo está ficando escasso e que o chefe do executivo ainda mostra hesitação nas suas decisões.



- Só restam dois anos para ele fazer toda a maravilha que prometeu. Sem planejamento, eu duvido que faça. As obras que estão anunciando como se fossem deles, são do governo estadual, já foi dito aqui. Eles insistem em enganar a população.



A vereadora lamenta que o executivo demonstre fragilidade em decidir os destinos da população, observando que ele estaria até mesmo levando a população a ser complacente com o seu caráter neófito. Para ela, não é hora de ter dó.



- Acho um absurdo um prefeito recorrer ao povo de uma cidade do porte de Montes Claros implorando tempo para aprender a gerenciar o município. Fosse numa empresa e ele pedisse isso aos seus diretores, a empresa iria à falência em menos de dois anos.

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