![]() Líderes indígenas brasileiro foram à ONU denunciar mortes |
ONU denunciou nesta terça-feira (20), em Genebra, o aumento de 50% em assassinatos de indígenas no Brasil em menos de dez anos e criticou decisões tomadas pelo governo de Michel Temer. Os dados serão apresentados ao Conselho de Direitos Humanos, apontando ainda para o fracasso do governo Dilma Rousseff em fazer avançar as demarcações de terra. Já líderes indígenas nacionais classificam a situação como “genocídio”.
Se a crise vivida pelos povos indígenas foi marcada por uma omissão por parte do governo Dilma, esses mesmos grupos temem que a atual gestão Temer aprofunde os cortes de recursos na Funai e flexibilize leis permitindo a exploração de terras indígenas. Nem a Funai e nem o ministério da Justiça estavam presentes em Genebra para o debate, deixando sem resposta as acusações aos diplomatas brasileiros.
ASSASSINATOS
Segundo os dados apresentados, o número de assassinatos de líderes indígenas subiu de 92 em 2007 para 138 em 2014. Na avaliação da entidade, a violência é o resultado da falta de demarcação de terras. O local mais perigoso é o Mato Grosso do Sul, seguido pelo Pará. Além de assassinatos, a entidade denunciou prisões arbitrárias, ameaças e intimidações.
Para a ONU, programas de defesa de ativistas de direitos humanos não têm conseguido chegar aos líderes indígenas. Na maioria dos casos, a impunidade permite as práticas violentas contra essas povos, avalia a organização.
Líderes indígenas nacionais também viajaram para Genebra.
- Tínhamos que denunciar esse verdadeiro genocídio - confirmou a líder indígena Sônia Bone Guajajara.
- Houve uma decisão política nos governos anteriores de não avançar na demarcação de terras e tememos que isso se aprofunde ainda mais agora. Vivemos um massacre - adicionou Elizeu Lopes, representante do povo Guarani-Kaiowá.
Nesta terça-feira, a ONU pediu que Temer assuma o compromisso de concluir o processo de demarcação de terras, abandonado há anos pelos governos anteriores. Sem uma definição sobre essa questão, o resultado tem sido o aumento da violência, afetando principalmente os Guarani-Kaiowá e Terena no Mato Grosso do Sul, os Pataxó e Tupinambá na Bahia, os Arara e Parakanã no Pará, e os Ka’apor no Maranhão.