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Terça-Feira,26 de Novembro

No limite da paciência: camelôs protestam na câmara municipal

Jornal O Norte
11/08/2006 às 10:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:41

Eduardo Brasil


Repórter


www.onorte.net/eduardobrasil

As fotos que ilustram essa página revelam o clima que marcou a inacabada reunião da câmara municipal de Montes Claros, na noite de ontem, quando seria votado o polêmico projeto de lei do executivo - que muda o funcionamento, a administração e o gerenciamento do Shopping Popular. A sessão por pouco não terminava em agressões mais violentas, até físicas, com os ex-camelôs ameaçados de perderem suas lojas, por conta do projeto, impossíveis de serem contidos na sua revolta com os vereadores que apóiam a proposta do prefeito Athos Avelino - PPS. O presidente da casa, Ildeu Maia - PP, foi obrigado a encerrar a sessão diante dos ânimos exaltados.




(fotos: Wilson Medeiros)

ASSUNTOS GERAIS

O tumulto teve origem quando o vereador Antônio Silveira - PTN, da bancada situacionista, pediu a suspensão dos assuntos gerais, que permitem aos parlamentares seis minutos para pronunciamento da tribuna, que seriam, na oportunidade, utilizados para que as emendas pudessem ser observadas com mais competência. Ruy Muniz - PFL, Athos Mameluque - PMDB e Sebastião Pimenta - PDC pediram que Silveira retirasse o pedido, argumentando que ele cerceava o direito de o legislativo se pronunciar de acordo com o regimento interno.

- Primeiro, o senhor impede o nosso direito de usar a palavra, para em seguida a sua bancada pedir a votação do projeto em regime de urgência. Isso é uma vergonha. O povo de Montes Claros precisa saber da maldade que este projeto significa para os lojistas e que a bancada do prefeito tenta nos impedir de revelar da tribuna - ressaltou Ruy Muniz.

PRAZO

Pressionado pela oposição, e pela galeria que gritava seu nome, acrescentando que ele não deixaria de ser esquecido nas urnas de outubro (o vereador é candidato a deputado federal), Antônio Silveira não recuou da decisão.



- O meu pedido talvez não esteja sendo bem entendido. Ele é por conta do prazo que temos para votar o projeto e por isso não o retirarei – tentou justificar Silveira, debaixo de vaias dos lojistas que lotavam a galeria, enquanto seu colega de bancada, Marcos Nen, líder do governo, admitia nos bastidores que não existiria esse termo, a não ser a exigência do executivo de ver a sua ideação aprovada sem alterações no período de seu interesse.

- O prazo é o do prefeito - disse, preferindo em seguida que a sua observação fosse omitida nesta reportagem.

Cori Ribeiro – PPS, porta-voz do executivo saiu em defesa de Silveira, mas já era tarde. Seu pronunciamento a esta altura já estava totalmente sufocado pelas vaias que não se calavam.

- Ora, vamos parar com isso. Está faltando discernimento em vocês – retrucou o porta-voz, em vão, já que os apupos aumentaram.

PAINEL

O clima voltou a ficar ainda mais tenso quando o pedido de Antônio Silveira foi aprovado pela bancada do prefeito, com o painel eletrônico do plenário desligado, impedindo que fossem identificados os vereadores que votaram a favor e contra. Foi o bastante para os ex-camelôs radicalizassem no protesto, chegando mesmo a ameaçarem invadir o plenário.

Com expressões pejorativas em relação aos parlamentares que julgavam responsáveis pela aprovação do que chamaram de cala-boca à democracia, os lojistas não atenderam ao apelo da mesa diretora. Resolutos  eles  mantiveram a manifestação, que se estendeu para o saguão do legislativo, com a evacuada dos vereadores situacionistas, até alcançar a frente do prédio, onde policiais, chamados ao local, já estavam a postos.

TERÇA-FEIRA

O presidente da câmara municipal, Ildeu Maia, que acompanhou os manifestantes até a porta do prédio, disse que entendia a posição dos lojistas, mas que eles não deveriam incorrer no erro de desrespeitar o regimento interno do parlamento.

Tranqüilo, apesar da exaltação dos manifestantes que o cercavam, Ildeu Maia garantiu que o projeto voltará à pauta na próxima terça-feira, esperando que a reunião ocorra sem atropelos.



- Infelizmente na próxima terça-feira realizaremos a reunião com a polícia nas dependências internas e externas do legislativo. Poderíamos até realizá-la a portas fechadas, mas não tomaremos essa decisão extraordinária.

De acordo com o vereador, o legislativo estará aberto a todos que pretendam acompanhar a reunião. Mas pediu que não se repetam os incidentes de ontem à noite.

- Não vamos impedir a presença de ninguém. Vamos respeitar o direito de todos, desde que sejam respeitadas as normas da casa. Esperamos que tudo possa transcorrer com tranqüilidade e que o projeto seja votado sem que ninguém se sinta lesado. Mas ele tem de ser votado - conclui Ildeu Maia.

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