Desde 1982, quando a professora Maria Aparecida Bispo fez história ao ser a primeira mulher a ocupar uma cadeira como vereadora na Câmara Municipal de Montes Claros mudanças aconteceram na casa, porém, a representatividade da bancada feminina ainda não surpreende. Mas aos poucos, as mulheres vão conquistando seu espaço no legislativo municipal. Prova disso é que pela primeira vez 5 mulheres compõem uma legislatura. As vereadoras Maria Helena Lopes atualmente vice-presidente da Câmara, Maria das Graças Gonçalves, a Graça da Casa do Motor e as novatas Cecília Meireles, a Ceci Protetora, a professora Iara Pimentel e Julia Aparecida Amaro, que fez sua estreia há menos de duas semanas, substituindo o então vereador Stalin Cordeiro.  
 
LEGISLATIVO FEMININO
Assim como Júlia, que assumiu porque era a primeira suplente da legenda, Aparecida Bispo assumiu entre maio de 1982 e janeiro de 1983, na vaga deixada pelo então vereador, Luiz Tadeu Leite, que se candidatou a prefeito de Montes Claros. No ano seguinte ela foi eleita pelo voto popular e compôs a mesa diretora da casa como secretária. Aparecia Bispo dizia que andava na contramão das elites machistas, pois era “mulher, preta, pobre e professora”. Faleceu em 1991 e, em sua homenagem, foi instituída a Medalha de Mérito Educacional Maria Aparecida Bispo de Moura, que premia profissionais do setor. 

Em 1989 foi a vez de Marlene Tavares Cardoso ser eleita. Quase 10 anos depois, em 1998 Kátia Maria dos Santos Oliveira entrou como suplente de Paulo Lopes. Já a advogada e odontóloga Maria do Socorro Carvalho Silveira foi a quarta mulher a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal e atuou como suplente em duas ocasiões.  
 
AVANÇOS NO SÉCULO XXI
Na legislatura de 2001 a 2004, a bancada feminina cresceu, com a atuação de duas professoras, Maria de Fátima Pereira Macedo e Maria Helena de Quadros Lopes. Em 2005 Fátima Pereira foi reeleita permanecendo até 2008. Já Maria Helena Lopes voltaria a Câmara em 2017 até 2020 e reeleita em 2021 para mandato que vai até 2024.

Na legislatura de 2009 até 2012 a bancada voltou a diminuir e as mulheres foram representadas por Rita Cristina de Souza Vieira. Mas quando a nova legislatura teve inicio, em 2013, a Câmara recebeu duas vereadoras: Marly das Graças Alves e Silva, a Marly do Povo e Maria das Graças Correa de Souza, a Graça do PSF, que assumiu como suplente do vereador afastado Alfredo Ramos. 

A legislatura de 2017 a 2020, além de contar com o retorno de Maria Helena Lopes e com Marly do Povo, que assumiu como suplente, recebeu as novatas Delcinéia Santos Silva, a Néia do Criança Feliz e Maria das Graças Gonçalves Dias, a Graça da Casa do Motor.

Mudança é uma questão de educação

Para Ivana Ferrante Rebello, professora, escritora, membro das Academias Feminina de Letras e Montes-clarense de Letras e Pró-Reitora da Unimontes, mesmo a Câmara Municipal tendo chegado a 2023 com cinco mulheres numa Casa com 23 parlamentares, a participação feminina em cargos eletivos ainda é inexpressiva, face à presença da mulher no mercado de trabalho. “Profissionalmente e no meio universitário a mulher tem se destacado, mas tal destaque não se reverte em votos.. Não bastam leis reguladoras, é necessário que se mudem mentalidades Mesmo as deputadas e vereadoras que conhecemos, elas não tem a mesma visibilidade e o mesmo direito a voz que o sexo masculino. É uma questão de educação. É necessário que a gente eduque a mentalidade brasileira para se acostumar a ter mulheres em cargos de decisão. Do contrário, a gente nunca vai vencer essa barreira”, avalia. 

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