Eduardo Brasil


Repórter

O presidente da câmara municipal de Montes Claros, Cori Ribeiro – PPS, foi o único vereador, além de Lipa Xavier – PCdoB a estar presente no prédio da prefeitura durante o confronto de ontem entre estudantes e policiais. O dirigente parlamentar chegou a sofrer as conseqüências das operações desenvolvidas pelos militares para conter a invasão do prédio, pelos estudantes, sentindo-se mal por conta dos gases tóxicos durante entrevista que concedeu à equipe de reportagens da Expressão FM, que acompanhou o incidente ao vivo, transmitindo diretamente do local.

- Entendo que toda reivindicação popular merece ser respeitada, mas é necessário que saibamos como desenvolvê-la através de manifestações saudáveis, fazendo prevalecer o sentimento de cidadania. Sem brigas. As causas nobres não podem descambar para o confronto, como vimos ontem – disse ele.

De acordo com Cori Ribeiro, ele foi surpreendido pela manifestação que terminou em conflito, tendo sido informado pela sua assessoria do impasse quando se encontrava fora da cidade.

- Imediatamente segui para o local do confronto e, realmente, fiquei decepcionado com o que vi. Fiz o que estava ao meu alcance para evitar que os ânimos ficassem ainda mais exaltados – acrescentou, informando que procurou pelas autoridades policiais e pelos coordenadores da manifestação para tentar um acordo.

- Num regime democrático o que vale é o diálogo. Se ele não existe, ainda, entre executivo e estudantes, não será através de confrontos que o tornaremos possível.

PROJETO

Ainda de acordo com o presidente da câmara municipal de Montes Claros, seria precipitado acusar responsáveis pelo incidente. Ele se negou a fazer qualquer observação nesse sentido, mas frisando que enxergou nas ações policiais um recurso legal para impedir que a situação ficasse sem controle, evitando até mesmo uma tregédia.

- A polícia, às vezes, precisa agir com mais rigor para evitar males piores. Foi o que ela fez. Eu sou testemunha de que os estudantes atiraram pedras na tropa, e, também, presenciei a reação dos policiais. Não deixou de ser dura, mas necessária, digamos assim. Na verdade, temos é que lamentar o ocorrido e esperar que ele não se repita mais.

Cori Ribeiro entende a aspiração dos estudantes e assegura que apóia a instituição do meio-passe.

- Sou totalmente a favor, até porque fui, durante muitos anos, um fervoroso militante das causas estudantis.

O vereador lamenta que a mesa diretora do legislativo não tenha tido condições, na sua gestão presidencial, de colocar o projeto de lei de Lipa Xavier, implantando o desconto nas tarifas dos lotações, em tramitação por ser ilegal e inconstitucional.

- Projetos com essas características, que criam despesas para os cofres públicos, só podem dar entrada na mesa do legislativo e ganhar tramitação se forem oriundos do executivo. O parlamentar não defende essa prerrogativa, infelizmente. Esperamos que o executivo envie essa proposta para que possamos aprová-la, consensualmente – concluiu Cori Ribeiro, que presidiu a audiência pública que a câmara municipal realizou, ontem à noite, no auditório Mário Ribeiro, da Universidade estadual de Montes Claros.