Lula perde e abre mês de vácuo no poder

O domingo foi constrangedor para o Brasil ao revelar mais uma vez o tom caricatural da política brasileira

Jornal O Norte
Publicado em 19/04/2016 às 07:00.Atualizado em 15/11/2021 às 15:58.

POR LUIS CLÁUDIO GUEDES

O domingo foi constrangedor para o Brasil ao revelar mais uma vez o tom caricatural da política brasileira. De lado a lado, desde a presença do deputado Eduardo Cunha, o inimigo número 1 da República, na condução da votação do impeachment, até as declarações ocas dos deputados na justificativa dos seus votos. Sem falar no festival de traições a um governo inepto e perdido.

De tudo isso, o que restou nesta segunda-feira de ressaca cívica é o vácuo no poder federal. A sabedoria política reza que não há vácuo em política, mas ele é evidente diante da fragorosa derrota do ex-presidente Lula e da sua preposta e agora também (ex) presidente Dilma Rousseff. Um governo que usou dos expedientes do convencimento da oferta de cargos e verbas, sustentado nos registros das últimas edições do Diário Oficial, e ainda assim consegue humilhantes 137 votos no colegiado de 513 não existe mais.

O novo polo magnético do poder migrou na noite de domingo do Palácio do Planalto para a residência do vice Michel Temer, o Palácio Jaburu. O Jaburu é a sede da promessa de poder, mas não sua materialização. Nunca é demais lembrar que o governo pode (embora não vá conseguir) reverter a situação no Senado Federal. A opção de Dilma em ‘continuar a luta’ cria essa situação – inédita no país – da presidente não governa, porque perdeu toda legitimidade para tal, enquanto assiste ao vice montar sua nova equipe de governo. Teremos mais um mês de paralisia em meio ao quadro de depressão na economia.

No mais, vale acrescentar que à medida que o desastre se configurava ao longo do final de semana, o lulopetismo era tomado por uma espécie de catatonia em foi tomado por espirros de otimismo e desespero, traduzido ao fim e ao cabo em “indignação e decepção”, segundo um de seus ministros.

Nada foi ilustrativo da rasteira que Lula tomou na tentativa de salvar o mandato de Dilma Rousseff do o voto do deputado Mauro Lopes, do PMDB de Minas. Cooptado pelo governo com a oferta do ministério da Aviação Civil, Lopes deixou o ministério na quinta-feira e foi votar contra a presidente. O ministro Mauro Lopes, o breve, por sinal, acertou o placar da votação.

Por essas e por outras, o clima no governo nesta segunda-feira foi muito pesado e o principal motivo é a constatação de que a aura de imbatível atribuída ao ex-presidente Lula começa a se desmanchar. Lula e o PT não terão saída a não ser jogar Dilma ao mar. No mais, a melancolia do fracasso na hipótese de rachar o país com o mote do golpe.  

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