Eduardo Brasil
Repórter
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Os lojistas do Shopping Popular estenderam durante todo o dia de ontem as manifestações contra as mudanças na sua administração. Os protestos foram iniciados na noite de quinta-feira 10, na câmara municipal de Montes Claros, quando provocaram o encerramento de reunião em que tramitava projeto de lei do executivo, prejudicial à categoria, antes que a matéria fosse votada. O movimento de ontem, segundo os lojistas, foi uma demonstração de que eles se manterão mobilizados até a próxima terça-feira, quando a proposta do prefeito volta ao plenário do legislativo.
Lojistas passaram todo o dia de ontem mobilizados e garantem que a união dos ex-camelôs pelos seus direitos será mantida até a próxima reunião da câmara
Os lojistas, que temem perder seus espaços no Shopping Popular com as leis previstas no projeto, argumentam que elas têm como finalidade golpear o empreendimento erguido pelos servidores municipais com propósitos sociais, atendendo aos camelôs que foram retirados das ruas, para transformá-lo em um local voltado aos grandes empresários.
POLÍCIA
Apesar da informação de que a polícia militar já foi acionada e que se fará presente na reunião de terça-feira, dentro e fora do prédio do legislativo, os trabalhadores garantem que não recuarão e que participarão da sessão respeitando o regimento interno da casa. Como forma de manter os ânimos para a estratégia, eles pretendem repetir o movimento contestatório também hoje, durante todo o expediente do Shopping Popular.
- Respeitamos o direito que eles têm de acompanhar os trabalhos da câmara, mas é preciso que eles respeitem as normas. O projeto, apesar de sua polêmica, precisa ser votado. Reitero minha expectativa de que ele atenda a todos e não prejudique ninguém, mas o nosso trabalho não pode ser impedido de acontecer por conta de tumultos – observa o presidente do legislativo, vereador Ildeu Maia - PP.
(fotos: Wilson Medeiros)
O PASSADO SE REPETE
A reunião da câmara municipal de Montes Claros, na próxima terça-feira 15, quando será votado projeto do executivo que trata de mudanças na administração do Shopping Popular, possivelmente repetirá cenas de episódio parecido, ocorrido ainda na administração do ex-prefeito Jairo Ataíde - PFL.
Na ocasião, o plenário da casa votou, sob a guarda da polícia militar, o polêmico orçamento municipal para o exercício de 2004, em meio a protestos da oposição e de segmentos sociais. A tramitação da matéria do ex-prefeito também guardou semelhança com a do atual, Athos Avelino - PPS, ambos recebidos com ressalvas veementes, que provocaram sucessivamente a sua tramitação. Acabou aprovado em regime de urgência - outra semelhança que o passado parece ter guardado para o presente.
REAÇÃO
Em 2003, os ânimos estiveram ainda mais exaltados. Servidores municipais, liderados pelo então presidente do sindicato da categoria, Wálmore Edi chegaram a saltar a mureta que separa a galeria do plenário, assaltando as cadeiras dos vereadores enquanto a polícia era chamada para retirá-los do local.
A diferença é que, naquela oportunidade, o então presidente do legislativo, José Faquir, correligionário do chefe do executivo, realizou a reunião a portas fechadas, com acesso liberado apenas para a imprensa – e o projeto foi aprovado pela maioria situacionista. Desta vez, o dirigente da casa, Ildeu Maia - PP não recorreu à prerrogativa, embora nada garanta que ele ainda não venha a tomar a medida, no caso de perceber que o tumulto de quinta-feira possa se repetir.
- Se os vereadores aliados do prefeito mantiverem a mesma desconsideração com a nossa causa, vamos reagir, sim, de uma forma ou de outra - advertem os lojistas, que prometem levar ao legislativo municipal até os parentes dos 268 ex-camelôs que trabalham no shopping.