Vereadores formarão comissão para defender trabalhadores demitidos em Montes Claros
Eduardo Brasil
Repórter
· Dezenas de trabalhadores excluídos dos quadros da Coteminas – Companhia de tecidos de Minas Gerais lotaram a galeria da câmara municipal de Montes Claros, na reunião de ontem. Eles protestaram contra a medida (que atingirá 800 funcionários) e pediram apoio dos vereadores no sentido de que o processo demissionário seja contido.
Para o vereador Lipa Xavier – PCdoB, a diretoria da Coteminas estaria usando argumentos fajutos para justificar as demissões em massa.
- Eles afirmam que as demissões são em conseqüência do gasto da empresa com energia elétrica. Nada mais falso! A Coteminas é parceira da Usina de Irapé e, além de gerar sua própria energia, ainda a vende para outras indústrias de Montes Claros. É um argumento fajuto – diz o parlamentar.
Ainda segundo Lipa Xavier, a empresa têxtil provoca, com as demissões, além de um grave problema social, um alto grau de ingratidão com o município, onde se instalou com o apoio da comunidade utilizando recursos da Sudene – Superintendência de desenvolvimento do Nordeste.
- Alegar contenção de gastos face aos custos de uma energia elétrica que ela produz e vende, demitindo centenas de trabalhadores chega a ser ridículo para uma empresa que está no grupo das cem maiores do mundo, e que mais faturaram e conseguiram lucros, em 2007 – acrescenta o vereador.
CULPA DA PREFEITURA
Para Fátima Pereira – PSDB, e Athos Mameluque – PMDB, a câmara municipal não pode negar apoio aos trabalhadores.
- Entrei com requerimento na mesa diretora, solicitando a constituição de uma comissão de vereadores para cobrar, em Brasília, junto ao vice-presidente da República, medidas para conter as demissões em Montes Claros – acrescenta o vereador Mameluque, referindo-se a José Alencar, cuja família detêm o controle da Coteminas.
- Mas, antes, é preciso que o sindicato dos tecelões, o município e a Coteminas assinem um termo, um acordo que garanta aos demitidos seus retornos em seis meses, após a anunciada reestruturação da empresa, que teria motivado as dispensas. Não basta, que a Coteminas prometa essa reintegração. É preciso que isso fique bem claro em documento registrado em cartório, porque daqui a seis meses tudo pode cair no esquecimento.
Fátima Pereira entende que as demissões na Coteminas são, ainda, resultado da incompetência do governo Athos Avelino em não garantir a máxima de sua administração - concentrada na geração de emprego e renda.
- Enquanto o prefeito gasta milhões de reais com uma propaganda enganosa, que mostra Montes Claros como uma cidade das mil maravilhas, ele não implementa políticas que possam inibir as empresas da cidade de demitirem trabalhadores, pais de família que agora vão engrossar as filas do desemprego, aumentando ainda mais os problemas sociais que enfrentamos – acusa a parlamentar.
ENSAIO NA ESURB
O vereador Rosemberg Medeiros – DEM, também responsabiliza a prefeitura pelo processo demissionário na Coteminas. Ele chegou a incentivar os ex-funcionários da empresa a tomarem medidas mais radicais para pressionar a diretoria a reverter essa posição.
- Vocês devem fechar ruas e avenidas da cidade e denunciar o descaso do prefeito – disse, da tribuna da câmara municipal, aos ex-trabalhadores da Coteminas que acompanharam a sessão ostentando faixas e cartazes contra o desemprego.
- O prefeito nada faz para evitar essas demissões. Ele se esconde do povo! Não recebe a comitiva de pais de família, ameaçados pelo desemprego. Um desemprego que o próprio prefeito ajudou a implantar na cidade, ao dar o tiro de largada deste processo, demitindo centenas de trabalhadores da Esurb, sem mesmo pagar os seus direitos trabalhistas.
Para Rosemberg Medeiros, Athos Avelino – PPS, dá um péssimo exemplo.
- Exemplo que parece estar sendo seguido, agora, em proporções ainda maiores, pela Coteminas – encerra Rosemberg Medeiros.