Oposição acusa prefeito
de criar a figura do
vereador-biônico e
de abandonar lideranças
Eduardo Brasil
Repórter
www.onorte.net/eduardobrasil
A decisão do prefeito Athos Avelino - PPS de criar as UAIS – Unidades administrativas intersetoriais que lidarão com a seleção, indicação e execução das obras previstas no programa Governança Solidária deixou muitas lideranças comunitárias contrariadas. Elas entendem que a criação das unidades, compostas por delegados escolhidos exclusivamente pela administração municipal ocorre em detrimento das associações de moradores de bairros, que tiveram suas lideranças preteridas do processo que ajudaram a construir.
- Além de marginalizar os presidentes de associações, o prefeito criou, com as suas Uais, uma figura até então desconhecida em Montes Claros: o vereador-biônico, nas pessoas dos apadrinhados de sua administração – ironiza o vereador Athos Mameluque – PMDB, criticando o isolamento que o executivo teria impelido à câmara municipal em relação ao projeto do orçamento participativo - que ele acredita guardar irregularidades.
SILÊNCIO
Segundo Mameluque, a pressão que o prefeito teria exercido sobre o legislativo, o que levou a bancada que o apóia na câmara municipal a derrubar requerimento aprovado pelo plenário, para realização de audiência pública que debateria exatamente o programa Governança Solidária aumenta as suspeitas de que na cidade tentam abafar a verdade.
- Há quem entende que essas unidades administrativas não passariam de mais uma estratégia da administração municipal de isolar a comunidade das decisões da tal governança solidária, para que tudo continue sendo decidido unicamente por eles – observa o parlamentar, referindo-se ao grupo político que administra o município.
- Havia um requerimento aprovado pelo plenário, com o voto de vereadores da própria bancada que sustenta o executivo no legislativo determinando que no dia 31 de maio deste ano a governança solidária seria debatida na câmara. Não foi. O prefeito exerceu sua contumaz pressão e as discussões foram proibidas.
APELO
Athos Mameluque recebeu na semana passada, em seu gabinete diversos presidentes de associações de bairros que revelaram insatisfação com a criação das unidades administrativas intersetoriais, apelando para que a câmara municipal atue contra as tentativas da administração de alijá-los do processo. De acordo com o vereador, a revolta das lideranças é maior quando eles se sentem explorados pelo governo municipal.
- Veja que os presidentes de associações comunitárias foram os grandes aliados que o prefeito teve para realizar suas assembléias nos bairros. De uma forma ou de outra eles foram convencidos a colaborar e agora são preteridos – lembra o parlamentar da oposição, frisando que foram os líderes comunitários que impediram o fracasso das reuniões públicas realizadas nos bairros, ao levarem os moradores às discussões.
- Caso contrário esses encontros só contariam com a claque do prefeito e com os aplausos dos seus bajuladores, porque o povo não acredita mesmo no prefeito e está longe de bater palmas para essa administração, incompetente para resolver seus problemas - completa o vereador.
CUSTO POLÍTICO
Ainda de acordo com Mameluque, a criação dos delegados dos Uais foi uma decisão que trará dificuldades políticas para o prefeito, no futuro, sobretudo no período das eleições, em 2008 – considerando que Athos Avelino é um candidato natural à sua própria sucessão.
- Hoje, podemos dizer que centenas de presidentes de associações, entre os cerca de 280 que existem em Montes Claros estão insatisfeitos com o prefeito, de acordo com o que ouvimos de algumas dessas lideranças – acrescenta Mameluque, que recebeu a reportagem no momento em que se reunia com alguns presidentes de associações comunitárias.
- A decisão de Athos Avelino de criar o vereador-biônico e de deixar de lado as lideranças comunitárias terá um custo político muito grande, além de ser danosa ao povo – conclui o vereador.