Vanelle Oliveira


Repórter

O que era para ser mais uma reunião com pronunciamentos e votações de projetos importantes para o município terminou em protestos na Câmara de Montes Claros. Manifestantes de um movimento popular intitulado de “Fora Tadeu” e lideranças comunitárias participaram, na manhã de ontem (22), de forma intensa dos debates dos vereadores.

Vanelle Oliveira





Após protestos na internet e nas ruas de Montes Claros, manifestantes foram a Câmara Municipal cobrar mudança de atitude dos parlamentares

A reunião seguia bem, mas a cada vez que os parlamentares se referiam contra ou a favor da caminhada realizada no último sábado (19), por pessoas que se dizem contra a administração municipal, a plateia se manifestava com aplausos, vaias e até mesmo provocações o que, segundo o regimento interno da Casa, não é permitido. Por vários momentos o presidente da Câmara Valcir Soares (PTB) chegou a solicitar aos manifestantes que colaborassem e respeitassem as regras do legislativo.

- Peço à população que continue a acompanhar nossas reuniões, mas com organização, pois isso pode prejudicar o andamento da Casa, já temos projetos de extrema relevância para serem votados - explica. 

POVO FALA

Os vereadores Altemar de Freitas (PSC), Cláudio Rodrigues (PPS), Frank Wanderley (PMDB) Marcos Nem (PR) foram os mais ovacionados pela comunidade que lotou as dependências da sede do legislativo municipal.

O bloco da oposição, composto pelos vereadores Pastor Altemar e Cláudio Rodrigues, era aplaudido durante todo o discurso. Cláudio, representante dos servidores municipais, parabenizou a iniciativa popular e disse que a manifestação não deve parar.

- Se não está bom, o povo tem que se manifestar, sim - estimula.

Já Altemar usou parte de seu tempo na tribuna para criticar veículos de comunicação que não noticiaram o manifesto, do último sábado, iniciado nas redes sociais.       

Quando o porta-voz do prefeito no legislativo municipal, vereador Marcos Nem, ocupou a tribuna para sair em defesa do executivo, representantes da comunidade e manifestantes se mostraram indignados. Para tentar terminar seu pronunciamento, Marcos pediu ajuda ao presidente para que ele pedisse que a população permanecesse em silêncio.

Para fazer cumprir a norma da Casa, o presidente da Câmara, vereador Valcir Soares (PTB), se viu obrigado a encerrar a reunião antes que, segundo ele, a manifestação ficasse mais calorosa. Para o parlamentar, o legislativo está sempre aberto para receber a população, mas que a comunidade tem que participar de forma organizada.

- Fico triste porque a Câmara tinha projetos importantes para serem analisados, com votações de recursos para instituições que dependem deles para dar andamento a seus projetos – lamenta.


  

ALFINETADA

Com o rosto pintado, um dos manifestantes presentes na Câmara, o estudante Leandro Martins, disse que o grupo se dirigiu ao legislativo para pedir aos vereadores que façam algo para mudar o quadro atual da saúde, educação e infraestrutura do município.

- Estamos aqui hoje para mobilizar os vereadores para que cumpram o seu papel na fiscalização das ações do executivo - reclama.        

O vereador Raimundo Pereira da Silva, (PDT) utilizou a tribuna para falar, entre outras coisas, do direito que a população tem de se manifestar contra ou a favor ao que quer que seja, e que isso é importante para, no caso do prefeito, dar uma sacudida e fazer com que ele modifique uma situação que não esteja agradando.

- A forma de manifestação ordeira e pacífica é importante. Com essa alfinetada, o prefeito, com certeza, irá trabalhar mais - afirma o vereador Raimundo do INSS.