Luís Alberto Caldeira
Repórter
Disposição dos candidatos no estúdio foi definida
por sorteio (fotos: DIVULGAÇÃO)
Questionamentos que tratam diretamente da vida do cidadão e que, na atividade política, geralmente não são respondidos de forma objetiva pela retórica, venceram a hipocrisia no debate da última quinta-feira, 2. A atração televisiva parou a cidade marcando o final da disputa eleitoral em primeiro turno com uma audiência semelhante ao de um último capítulo de novela das oito da mesma emissora que o transmitiu. Falou a língua da população e esquentou o quadro sucessório municipal que se mostra, na história recente de Montes Claros, como o mais difícil de prever seu resultado. Indagações sobre a realidade do município que muitos tinham vontade de levantar, mas não havia a oportunidade de fazê-las, puderam ser ouvidas pelo menos a partir da representação de dois dos cinco candidatos presentes.
Um desses momentos se deu quando o atual prefeito Athos Avelino (PPS), que tenta a reeleição, foi interrogado pelo candidato Luiz Tadeu Leite (PMDB) sobre os motivos que levaram a prefeitura de Montes Claros a estar na lista daquelas investigadas pela polícia federal a partir da operação João de Barro, deflagrada no último dia 20 de junho.
O candidato do PPS se limitou a lembrar do resultado da operação, afirmando que não foram encontradas irregularidades em sua administração e que, com isso, fora lhe concedido um atestado de idoneidade e transparência. Na réplica, Tadeu salientou que o caso ainda se encontra sob análise da Controladoria-Geral da União e deixou ainda pairar dúvidas sobre a presença dos federais em Montes Claros.
O encontro foi mediado pelo
jornalista carioca Hélter Duarte
Quando a pergunta partiu de Athos para Tadeu, o assunto foi a usina de biodiesel que se instala na cidade em parceria com o governo federal, e mais uma vez o atual prefeito, que deixou transparecer nervosismo em diversos momentos do debate, teve um de seus discursos de campanha reduzidos.
- Não faço de Lula uma muleta para minha campanha. Se o prefeito fosse uma pedra, mesmo assim a usina de biodiesel viria para Montes Claros – respondeu Tadeu em menção a texto de propaganda eleitoral usada pelo candidato Ruy Muniz (DEM).
O candidato do DEM, por sua vez também desconsertou o discurso do prefeito Athos em dois momentos. Num primeiro, apontou que o salário pago aos professores da educação básica municipal não é o que havia sido divulgado oficialmente. Ruy Muniz chegou até a convocar os servidores para receberem a diferença na prefeitura. Num segundo momento, questionou a administração sobre a distribuição gratuita para apadrinhados de três mil abadás da micareta Axé Montes, evento particular realizado no último final de semana na cidade.
Com a palavra, o prefeito Athos Avelino, no transcorrer do programa, dividiu seu tempo para se defender – chamando seus adversários de mentirosos – e falar de obras realizadas durante os quatro anos de governo e daquilo que gostaria de continuar caso seja reeleito.
O candidato do PSOL Thiago Nascimento também usou a maior parte de seus discursos para apontar o que pretende realizar como prefeito de Montes Claros. Apesar de estreante na política, foi preparado para o debate e conseguiu publicar verbalmente suas idéias. Diferente do que aconteceu com o candidato Luiz Araújo, do PT do B, que não soube se organizar com objetividade.