
A Guarda Mirim de Montes Claros, entidade filantrópica que qualifica jovens para o mercado de trabalho, passa por situação crítica por falta de apoio do município e está prestes a encerrar as atividades.
De acordo com a delegada aposentada, fundadora e presidente da Guarda Mirim, Maria Neuza Rodrigues, é impossível manter a instituição sem o apoio municipal.
“Sempre foi uma luta, mas antigamente a prefeitura custeava o aluguel do espaço, a água e a luz, o que de alguma maneira nos ajudava. Só no mês passado nossa despesa ficou em torno de R$ 44 mil. Não temos mais como manter”, lamenta Maria Neuza.
A instituição, que existe há 27 anos e já encaminhou ao mercado de trabalho mais de 2.300 jovens, por intermédio do Programa de Aprendizagem, sobrevive graças à taxa de administração de R$ 115 paga pelas empresas que contratam os jovens. Mas para cobrir os custos é necessário que pelo menos 150 jovens estejam em atividade. Mas, atualmente, apenas 70 adolescentes estão atuando.
Neuza destaca que a instituição presta um trabalho de excelência, encaminhando e acompanhando os jovens durante todo o processo. Eles recebem ensinamentos práticos e teóricos, desenvolvendo valores éticos e morais.
“O empregador tem duas opções: ou ele paga diretamente ao jovem, assinando a carteira de trabalho, ou a Guarda assina, porém a instituição não está livre de imprevistos. Nós tivemos que pagar a dois jovens que foram contratados e a empresa não cumpriu o acordado. Fizemos o pagamento e entramos na Justiça”, lembra.
Para buscar uma alternativa para manter a instituição funcionando, o vereador Oliveira Lêga (Cidadania) marcou uma audiência pública para 6 de junho na Câmara Municipal.
“É tudo na base da doação. Não custa nada manter este projeto ativo. A Guarda precisa do apoio da administração municipal. A gente reclama tanto da violência se alastrando e, de repente, vê um projeto desses acabar por falta de investimento do poder público. Vamos encontrar uma saída”, declara o vereador.
MUDANÇA
Samuel Leal ingressou há três anos na Guarda Mirim e diz que sua vida mudou para melhor depois da instituição. “Entrei como aprendiz em agosto de 2016 e quando o contrato encerrou, a dra. Neuza me contratou como funcionário. Foi maravilhoso para mim. Estava passando por uma dificuldade muito grande. Graças a Deus eles me ajudaram bastante, inclusive como pessoa. Aprendi a ter disciplina e me sinto uma pessoa mais capacitada”, diz Samuel, que aposta em uma solução para a Guarda continuar ativa.
“O que aprendi aqui me fez amadurecer. Nem penso em sair daqui. Enquanto for útil, quero continuar e ano que vem pretendo fazer faculdade”, finaliza.
Maria Neuza diz que a Guarda Mirim já tem a posse de um terreno no bairro Nossa Senhora Aparecida para construção da sede. No entanto, para buscar ajuda para a obra, depende da liberação de um documento pela prefeitura.
O procurador do município, Otávio Rocha, disse que há intenção do prefeito de efetivar a doação, mas não soube especificar prazo para isso acontecer.