Athos Mameluque denuncia
"operação abafa" para esconder
irregularidades na prefeitura
Eduardo Brasil
Repórter
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Depois de apoiar a aprovação de requerimento da oposição, com os votos do porta-voz do executivo Aurindo Ribeiro – PV, e de Valcir Soares – PTB, a bancada da situação na câmara de vereadores de Montes Claros tenta, agora, impedir a realização da audiência pública marcada para o próximo dia 31 que discutirá o projeto denominado de Governança Solidária da administração municipal.
Em requerimento ao presidente da casa, Cori Ribeiro – PPS, assinado por oito vereadores, incluindo Aurindo Ribeiro e Valcir Soares – que alegaram terem votado equivocadamente no requerimento da oposição, a bancada aliada do prefeito solicita o cancelamento da assembléia pública, sugerindo que seja marcada uma nova data para sua realização em hora e data a serem previamente designadas, bem como os convidados para as discussões.
- Eu jamais votaria a favor de um requerimento que tem o objetivo de polemizar sobre um assunto que tem sido um dos mais importantes da administração municipal. A oposição, com essa medida, busca mais um palanque político para diminuir um programa que será extremamente importante para a população - observou Aurindo Ribeiro, que logo após a mesa diretora ter registrado em ata o seu voto favorável à audiência pública, tentou anulá-lo, sem obter sucesso.
REUNIÃO EM BAIRRO
O vereador Raimundo do INSS - PDT também reclamou da decisão do plenário em debater a Governança Solidária publicamente na câmara municipal. Ele também tem a mesma opinião do porta-voz, de que a sua realização no legislativo atenderia a razões politiqueiras.
- O debate do tema na câmara municipal não é uma medida acertada. Ele pode, inclusive, ocorrer até mesmo paralelo a uma das assembléias que o prefeito tem realizado nos bairros para consolidar a Governança Solidária – observou Raimundo do INSS, que após a aprovação do requerimento da oposição usou a tribuna da câmara municipal sugerindo que a audiência pública fosse cancelada, sinalização que a bancada da situação finalmente acatou nesta terça-feira.
- Penso que a mesa diretora deve solicitar ao prefeito que a câmara municipal realize uma sessão especial em um dos bairros onde estão sendo realizadas as assembléias da Governança Solidária - insistiu o vereador, provocando reações na oposição que recebeu a sugestão como a primeira tentativa de calar o parlamento diante de um programa que guarda dúvidas que precisam ser esclarecidas em foro adequado, que é o legislativo.
OPERAÇÃO ABAFA
Para o vereador Athos Mameluque – PMDB, autor do requerimento para realização da audiência pública, a postura da bancada da situação não passa do cumprimento de ordens emanadas pelo prefeito Athos Avelino para que a sua Governança Solidária continue sendo um assunto proibido na câmara municipal.
- É uma operação abafa. A ordem que partiu do terceiro andar é a de abafar o assunto – disse, referindo-se ao terceiro pavimento do prédio da prefeitura, onde está o gabinete do executivo.
Vereadores aliados do prefeito tentam impedir que audiência pública debata a Governança Solidária neste mês
(foto: Wilson Medeiros)
Athos Mameluque acredita que o maior receio do prefeito em relação à audiência pública resida no fato de que o consultor Rudá Ricci, diretor do Instituto Cultiva, que concebeu o projeto Governança Solidária participará das discussões.
- Rudá Ricci abandonou o projeto dois anos depois de iniciá-lo, acusando o governo de Athos Avelino de ser incompetente para levar adiante a materialização das propostas. Ou seja, com certeza existe irregularidade. Se não existisse, o próprio prefeito, acredito, teria interesse em explicar o que significa a sua Governança Solidária, vindo à câmara municipal que é o local adequado para essas explicações ao povo de Montes Claros.
MEDO DA VERDADE
Sobre as suspeitas de eventuais irregularidades no programa do governo municipal, Athos Mameluque diz que elas só aumentam face à insistência do prefeito em impedir o debate público com a participação do consultor Rudá Ricci, observando que o diretor do Instituto Cultiva teria, portanto, informações que o executivo gostaria de manter no sigilo.
- Se o Rudá Ricci projetou a Governança Solidária e saiu da administração municipal atirando para todos os seus lados, queixando-se da incapacidade da prefeitura de realizá-lo, de irregularidades, é preciso que a comunidade de Montes Claros ouça o que ele tem a dizer, assim como o que tem a dizer o prefeito Athos Avelino. O povo precisa saber a verdade - salienta o vereador.
Para Athos Mameluque a tentativa da bancada em impedir a audiência pública, enfim, deixa claro que o prefeito tem medo da verdade, de que o assunto seja tratado publicamente, sem que ele possa conduzi-lo como quiser.
- Isso reforça as suspeitas de que existem irregularidades que ele não quer que venham à tona - conclui o parlamentar.