Eduardo Brasil
Repórter
A vereadora Fátima Pereira – PSDB entende que Montes Claros se transformou numa cidade sangrenta. Ao lamentar o número de assassinatos perpetrados na cidade, somente neste ano – 67, até a manhã desta terça-feira, 30, ela ressaltou preocupação com a frieza que parte da população sentiria ao deparar com as manchetes contumazes da mídia local informando sobre mais um crime bárbaro.
- Esse sentimento nos preocupa. A população, nós não podemos nos acostumar com esses dados. Eles não são naturais, não podem ser tratados como meras estatísticas – disse, da tribuna do legislativo, ao ressaltar que por trás dos homicídios existem pessoas sofrendo – tanto aquelas que perdem entes queridos, como as que vêem seus filhos envolvidos em assassinatos.
Fátima Pereira: receio de que as estatísticas do crime
provoquem indiferença na população
(foto: ARQUIVO XU MEDEIROS)
- Não podemos entender essa tragédia que todos os anos desaba sobre dezenas de famílias como números. Existem pais que sofrem a perda dos filhos, o desvio dos filhos – acrescentou, observando que os jovens têm sido os principais executores e alvos dos assassinatos, na maioria das vezes, ocasionados por desavenças no consumo e no tráfico de drogas.
Segundo a vereadora, as estatísticas revelam que os assassinados são sempre pessoas com menos de 25 anos. Para ela, cidadãos em idade vulnerável aos desvios sociais, e que estariam sofrendo total indiferença do poder público municipal.
- Não existe uma política municipal de prevenção ao crime, que não pode e nem deve ser um trabalho empreendido apenas pela polícia militar, que faz a sua parte. O município precisa dar aos jovens oportunidades para sobreviverem ao caos que aumenta assustadoramente, levando todos nós à total insegurança e descrença no futuro de nossas crianças e jovens.
CAMPO DE GUERRA
Fátima Pereira cobra do executivo a realização, urgente, de políticas públicas que possam frear o índice de violência e de criminalidade na área urbana e na zona rural, onde a comunidade também sofre as conseqüências da barbárie que se alastra. Para ela, o fato de Montes Claros despontar no cenário estadual como o terceiro município com maior registro de crimes violentos já justificaria a tomada de medidas concernentes por parte do prefeito Athos Avelino – PPS, que não enxergaria o cenário violento de Montes Claros como um campo de guerra.
- Os números não deixam dúvida de que uma guerra está sendo travada entre jovens envolvidos com furtos, roubos e tráfico de drogas. Jovens que deveriam estar nas escolas, mas que se vêem abandonados pela atual administração, que não recebem nenhuma assistência social. São 7,4 assassinatos por mês. Ou seja, toda semana pelo menos duas pessoas são executadas em Montes Claros e com requintes de crueldade.
Enquanto isso, na concepção da vereadora, o povo, que aos poucos vai aprendendo a conviver nesse campo de guerra, para sobreviver ao caos, está retraído, preferindo ficar preso em sua própria casa a sair para as ruas, com receio de ser a próxima vítima dos bandidos.
- O povo está acuado. Nenhum pai tem, hoje, a tranqüilidade de alguns anos atrás. De ver, por exemplo, o seu filho seguir para a escola, porque teme que ele não retorne. Como podemos viver nesse estado de coisas? A violência, como bem destacou a imprensa, está sem controle em Montes Claros – acrescentou, referindo-se a manchete de O NORTE sobre a 67ª vítima do crime em Montes Claros.