Eduardo Brasil
Repórter
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Bastaram poucos dias para que o novo secretário de Saúde, Júnior Souto se tornasse alvo de críticas na câmara de vereadores de Montes Claros - depois de ter recebido, do mesmo plenário, dias atrás, elogios pela sua posse na pasta, então lembrada como um dos poucos acertos cometidos pelo executivo na mudança do secretariado municipal.
Fátima Pereira: - Tomaram medidas que certamente prejudicarão o atendimento médico gratuito ao povo carente de Montes Claros (foto: Wilson Medeiros)
De acordo com Fátima Pereira (sem partido), em reunião do Consems, com a participação de Júnior Souto, teria sido engendrado um processo para dar uma rasteira no SUS – Sistema Único de Saúde, no município, prejudicando o atendimento médico gratuito à população carente para beneficiar hospital particular.
Segundo a vice-presidente do legislativo, na reunião teria sido decidida a redução de recursos do Pró-Hosp, programa do governo estadual, destinados aos hospitais públicos de Montes Claros, para reservar parte desses aportes ao Hospital São Lucas, mantido pela iniciativa privada.
DEZ POR CENTO
De acordo com Fátima Pereira, a medida será altamente danosa para o povo e para os hospitais - Universitário Clemente de Faria e Aroldo Tourinho –, uma vez que ambos passam a ter as suas cotas do Pró-Hosp reduzidas em 10%.
- Eles acertaram que o Hospital Universitário, o único da região que atende 100% através do SUS, terá sua cota diminuída de 27,5% para 25%, enquanto a cota do Hospital Aroldo Tourinho cairá dos atuais 27,5% para 20%. Os 10% que sobram nessa matemática, feita na calada da noite, serão destinados ao Hospital São Lucas.
Ressaltando que não teria nada contra o Hospital São Lucas, a vereadora frisou que resolvera expor a decisão ao público, através da tribuna da câmara, como um alerta, em particular, ao prefeito municipal.
- Atentai para o que vai acontecer, já dizia um político em Brasília. O povo, com essa medida, que desnuda um santo para vestir outro, vai ficar em situação ainda mais dramática.
PIOR MOMENTO
Ainda de acordo com Fátima Pereira, a divisão dos recursos não poderia ter sido tomada em momento mais inoportuno para os hospitais públicos conveniados, considerando que o SUS teve sua previsão orçamentária para 2007 reduzida em R$ 300 milhões.
- Um corte que pode provocar o fechamento de novos hospitais que atendem pelo sistema – observou a vereadora, destacando que em todo o país quase 300 deles foram desativados nos últimos anos.
- Penso que os responsáveis pela medida devem voltar atrás. O melhor que eles fariam seria procurar ajudar o São Lucas com outro dinheiro. O que não podemos permitir é que tirem recursos de hospitais públicos, e eu gostaria de entender melhor como se dará esse processo, para abastecer uma instituição particular – concluiu Fátima Pereira.