Prefeito de Montes Claros admite escassez; há unidade até sem farmácia e população cobra uma saída
(Vitor Costa)
Os pacientes que precisam de remédios das farmácias das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão sem receber parte da medicação prometida pela Prefeitura de Montes Claros. O fato foi confirmado pelo prefeito Humberto Souto (PPS) na abertura da edição da 23ª Feira Nacional da Indústria Comércio e Serviços (Fenics).
O prefeito afirmou que são 140 postos sem remédios. Um deles fica próximo à casa da aposentada Marilene Dias, que percorre mais de 5 quilômetros em busca de medicamento contra hipertensão. “O posto de saúde do Cidade Industrial não possui farmácia, então a opção para os moradores são as dos bairros Santos Reis ou Eldorado”.
Outra dificuldade é a falta de comunicação com as UBSs, como relata o autônomo Carlos Xavier. “Você tem que se deslocar até o posto porque os telefones não atendem. Há quase um ano trocaram os números de todos os postos e ainda não atualizaram na internet”.
Carlos Xavier diz que o único número que atende é na própria Secretaria de Saúde. “Mas também não sabem informar sobre onde encontro os remédios. Eles pedem para que eu vá até o PSF mais próximo da residência”, relata.
Ainda não há levantamento dos tipos de medicamentos que estão em falta no município. A aposentada Elisabeth Barbosa há mais de três meses compra os remédios usados no tratamento do hipertireoidismo e afirma que isso faz uma diferença no orçamento.
“É um absurdo, tem muitos remédios faltando. Basta sair na rua e perguntar se alguém conseguiu pegar todos os medicamentos na farmácia do posto de saúde. Comprei nos últimos meses, mas não tenho condições de adquiri-los sempre. Quando coloca na ponta do lápis é notável a diferença que faz no orçamento”, desabafa Elisabeth.
Ainda segundo ela, a resposta das agentes responsáveis pelo atendimento nas farmácias é sempre de que o remédio chegou, porém, devido à grande procura, o estoque está esgotado. “Sempre pedem para voltar outro dia e dizem que o remédio chegou, mas em número reduzido. Parece que é uma maneira que encontram de amenizar a situação”, diz Elisabeth.
A reportagem de O NORTE entrou em contato com mais de 15 postos e não havia remédios solicitados. No do bairro Cintra, não havia, por exemplo, medicamento contra diabetes nem tirinhas e lancetas para medir glicose.
Procurada, a Prefeitura de Montes Claros não se pronunciou sobre a declaração de Humberto Souto a respeito da falta de medicamentos. Nem informou quais produtos estão em faltam na cidade.