Os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Celso Pansera (PMDB-RJ), que foram exonerados dos ministérios da Saúde e de Ciência e Tecnologia para votar contra o impeachment, disseram na quinta-feira (14) que a presidente Dilma Rousseff não se comprometeu a nomeá-los novamente para as pastas após a votação do processo no plenário da Câmara. Além de Castro e Pansera, outro ministro do PMDB que também é deputado, Mauro Lopes (Aviação Civil) e o ministro petista Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) foram exonerados.
Segundo Castro e Pansera, Dilma deve recompor os ministérios conforme o apoio que receber dos partidos na deliberação do processo de afastamento.
- O ministério é uma tarefa de ser convidado pelo chefe do Poder Executivo. Tem que ver quem vai ser convidado na semana que vem. Se o impeachment não passar, com certeza o governo vai recompor de acordo com o resultado da votação, com o mapa dos votos. Não teve acordo para voltar - afirmou Celso Pansera, exonerado nesta quinta do comando do Ministério de Ciência e Tecnologia.
O ex-ministro da Saúde Marcelo Castro também destacou que não há acordo para que volte a assumir a pasta após a votação do impeachment.
- Hoje sou deputado e vou continuar deputado. Não há nenhum compromisso de voltar a ser ministro - afirmou.
Os dois ex-ministros participaram da reunião da bancada do PMDB, na qual ficou decidido que o partido vai orientar, no plenário, voto a favor da continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A votação está marcada para ocorrer a partir das 14h de domingo (17).
Apesar da orientação, dissidentes não serão punidos se votarem contra. Celso Pansera e Marcelo Castro disseram que vão manter a posição de defender o governo Dilma.
- Só há uma hipótese de eu votar pelo impeachment: se eu morrer. Se eu faço parte do governo, não posso votar contra. Eu seria um cretino se fizesse isso - disse Marcelo Castro.
Celso Pansera foi o único a discursar em defesa do governo na reunião da bancada do PMDB. Quando deixou o plenário onde os peemedebistas debateram a posição na votação do impeachment, voltou a defender a presidente Dilma Rousseff.
- Pedaladas não são motivos para impeachment. Vejam só os estados. Está todo mundo endividado, todo mundo pedalando - afirmou.
Rompimento
No dia 29 de março, o PMDB oficializou o rompimento com o governo Dilma Rousseff. O desembarque foi articulado pessoalmente pelo vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB.
O Diretório Nacional do partido exigiu ainda que os peemedebistas entregassem cargos e ministérios, mas os ministros do partido se negaram a deixar os postos. Alguns deputados também permaneceram fiéis a Dilma, liderados por Leonardo Picciani.
Apesar disso, a pressão para defender o rompimento e facilitar a ascensão de Michel Temer à Presidência aumentou nas últimas semanas e facilitou a decisão para que a orientação na votação do impeachment em plenário fosse favorável à continuidade do processo.