Por Jerúsia Arruda


A partir desta sexta-feira (26), a rotina de muitos brasileiros passará por uma mudança, com o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Como grande parte da população acompanha novelas e outros programas da TV aberta, as emissoras são obrigadas a alterar sua programação para adequar ao horário obrigatório da Justiça Eleitoral.

Apesar da reclamação de muitos telespectadores, são elevados os índices de audiência dos candidatos e, se para alguns, a propaganda não passa de “blá-blá-blá abobrístico”, como define a enfermeira Juliana Lima, que diz não ter paciência para assistir aos programas, para outros, mesmo criticando os políticos, fazem questão de ouvir o que eles têm a dizer.

E o caso da professora Maria Aparecida Soares, que leciona na rede pública de ensino em uma comunidade rural de Montes Claros, para quem a propaganda eleitoral gratuita é uma oportunidade para o eleitor conhecer melhor as propostas dos candidatos.

- Seria impossível para o eleitor saber a que veio o candidato, principalmente para quem vive na zona rural. E com a mudança das regras da lei eleitoral, que criou critérios para a produção das propagandas, evitando que pessoas que não sejam candidatas manipulem o horário a seu favor, ou a utilização de recursos tecnológicos em excesso na produção dos programas para maquiar a verdade, vai ficar mais fácil para o eleitor identificar a real intenção dos candidatos – avalia a professora.

É por causa de pessoas como Maria Aparecida, e também por aqueles que deixam a TV ou o rádio ligados e acompanham despretensiosamente a programação, que partidos e coligações se digladiam antes das convenções para ganhar mais tempo no horário eleitoral gratuito.

AUDIÊNCIA
A título de exemplo, nas eleições de 2014, a propaganda eleitoral gratuita chegou a ter mais audiência do que vários programas tradicionais. A transmissão do futebol na Globo, no dia 20 de agosto, por exemplo, num jogo entre o Internacional x São Paulo, transmitido após a novela ‘Império’, ficou apenas 1 ponto à frente da propaganda política. Nesse mesmo dia, o horário eleitoral teve apenas 3 pontos a menos que o Jornal Nacional e ficou à frente das novelas  ‘Boogie Oogie’ e ‘Malhação’ e do ‘Jornal da Globo’.

Na mesma semana, durante a campanha para as eleições presidenciais, a audiência do horário eleitoral foi ainda maior na emissora SBT, chegando á média de 7 pontos, o mesmo índice alcançado por programas tradicionais da emissora, como ‘SBT Brasil’, ‘Programa do Ratinho’, ‘Chaves’, ‘Conexão Repórter’ e a novela ‘Rebelde’.

PROGRAMAÇÃO
A propaganda eleitoral no rádio e na TV terá duração de 35 dias – começa nesta sexta-feira e vai até o dia 29 de setembro.

Conforme as novas regras da lei eleitoral, só poderão utilizar o espaço do horário eleitoral em bloco os candidatos majoritários, ou seja, prefeitos e vices. No rádio, a propaganda será transmitida das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10. Na televisão, os candidatos vão se apresentar das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40.

Já os candidatos majoritários e proporcionais (vereadores) dividirão 140 inserções de 30 segundos por dia, o que corresponde a um total de 7o minutos diários, sendo 60% (84 inserções) serão para os candidatos a prefeito e 40% (56 inserções), para os candidatos a vereador.  As inserções serão veiculadas de segunda a domingo, em três blocos. O primeiro das 5h às 11h da manhã; o segundo das 11h às 18h e o terceiro, das 18h às 24h, no período.

Conforme avaliação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), as alterações na lei foram uma medida inteligente e corrigem uma distorção que impactava negativamente o radiodifusor.