E por falar em política: Quanto e quem - por Pedro Cardoso da Costa

Jornal O Norte
Publicado em 14/11/2007 às 19:17.Atualizado em 15/11/2021 às 08:22.

Pedro Cardoso da Costa



Caso essas palavrinhas fossem respondidas pelos órgãos da Administração Pública brasileira os serviços prestados seriam bem melhores. Ninguém sabe quantos, e quem, são os funcionários de qualquer ministério. Se formulada, essa pergunta seria transferida várias vezes para  se descobrir quem deveria respondê-la. Depois, a resposta seria subdivida em vários órgãos. E no final não se teria uma resposta conclusiva.



Essa mesma pergunta poderia ser feita sobre quantos alunos foram à aula numa noite ou quantos médicos atendem num posto de saúde; quantos são os policiais de uma delegacia, de um quartel, de uma companhia. Aplica-se a qualquer órgão público.



Além de nunca se saber quantos são, também não se sabe quantos estão ou quantos deveriam ser ou estar, pois para se saber desses números seria fundamental que se soubesse para quê. Esse “quê” ajudaria na definição clara das políticas públicas necessárias à solução de determinados problemas. Assim, caso tivesse definição do nível básico de aprendizado de um aluno de quarta série, saber-se-ia quantos alunos deveriam ter por turma. Serviria para mensurar a qualidade do serviço de um médico em função da quantidade de pacientes. Serviria para se saber quantos policiais dariam segurança, segurança para valer, num determinado bairro. Com a intenção de colocar a informação num livro, certa vez, perguntei ao governo do estado de São Paulo quantas escolas existiam sem pichação. Respondeu que a pergunta deveria ser dirigida à Secretaria da Educação, como se esta não lhe pertencesse. Esta informou-me que caberia a cada delegacia responder e as delegacias, claro, informaram-me que a pergunta deveria ser dirigida a cada e cola. Já sabia de antemão que não teria a informação, mas a pergunta também tinha por objetivo provar que o vandalismo toma conta do país por que o estado brasileiro não existe em determinadas áreas. A pichação generalizada das escolas seria, e é, apenas a prova disto.



Uma administração minimamente eficiente começa por saber quantos são os servidores e quantos seriam necessários. Assim, os desnecessários num setor seriam transferidos para outros. Quantificar serviria  para controlar material. Trata-se de outro desperdício permanente nas instituições públicas. Seria incalculável a quantidade de papel gasta com dinheiro público nos trabalhos escolares ou particulares de servidores; ou para seus filhos, sobrinhos, netos e até amigos. Basta levar em conta que a União tem mais de um milhão de servidores. Além disso, os telefonemas, xerox e tudo mais, sem nenhum controle por parte dos superiores, pois se trata de prática generalizada em todas as esferas da Administração Pública.



Quando a União, os estados e os municípios tiverem controle suficiente para responderem a estas perguntas imediatamente, a melhoria dos serviços será constatada pela população, porque teria os médicos, professores e policiais necessários e o desperdício com despesas diminuiria sobremaneira. Por enquanto não se tem resposta, vez que a Administração Pública brasileira tem como filosofia de atuação o clichê de que as coisas não são tão simples assim, e de que se tem complexidade como sinônimo de eficiência e de qualidade. E dessa visão que, por absoluto desconhecimento,  impossibilita uma resposta a qualquer pergunta sobre quanto e quem.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por