Faltando cinco dias para a eleição do novo presidente e diretoria do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Emergência do Norte de Minas – Cisrum/SAMU, a diretoria da instituição continua se recusando a fornecer a lista dos prefeitos que estão aptos a votar no pleito que será realizado no dia 12 de janeiro, próxima quinta-feira.
Por determinação do atual presidente, o ex-prefeito de São Francisco, Luiz Rocha Neto, de São Francisco, ligado ao deputado estadual Paulo Guedes, a diretora executiva do Cisrun, Keli Cristina de Moura Lacerda, se recusou a fornecer a relação dos municípios que estão aptos a votar nesta data, assim como a relação dos municípios em débito e o valor dos mesmos. Nesta sexta, dia 06 de janeiro, foi o último dia para que os municípios em débito quitassem suas dívidas para se tornarem aptos a votar.
Existe a informação de que um ex-prefeito interessado no processo se propôs a pagar do próprio bolso o débito de alguns municípios para influir no resultado.
Em comunicado oficial, em resposta a uma solicitação do pré-candidato de oposição, Sebastião Chaves de Medeiros, prefeito de Pedras de Maria da Cruz, a diretoria da instituição diz que a relação só seria disponibilizada no dia 09, segunda-feira, prazo final para a inscrição das chapas que vão disputar a eleição de quinta-feira.
- Sem a certeza de quem pode participar da eleição e sem saber a situação real dos municípios em débito fica complicado formar uma chapa com 22 integrantes e registrá-la até segunda-feira - reclama o pré-candidato, que, no entanto, já possui a grande maioria dos nomes para a composição. O receio é que algum nome de prefeito inscrito na chapa seja considerado inadimplente na lista oficial – critica Medeiros.
- Não estamos escondendo esta relação. A diretoria da instituição obedece a uma Instrução Normativa, publicada no Diário Oficial da União, que estabelece todos os prazos e processos que vão nortear o processo eleitoral. A divulgação da relação dos nomes só será liberada mesmo no dia nove de janeiro. Não dá para desobedecer à instrução – se limitou a dizer Keli Cristina de Moura, diretora executiva do Cisrun.
ACUSADA DE IRREGULARIDADE
Comandada pelo grupo político ligado ao deputado Paulo Guedes, a atual diretoria tem como pré-candidato o prefeito de Porteirinha, Silvanei Batista Santos, que conta ainda com o apoio do deputado Gil Pereira. A atual administração do SAMU é acusada de diversas irregularidades como má gestão, desvio de recursos e inchamento da estrutura de funcionários, com a suspeita da existência de funcionários fantasmas (O Norte, inclusive, tem em mãos documentos que apontam os nomes dos trabalhadores “fantasmas” indicados por políticos ligados ao grupo que conduz a instituição). A suspeita é que existam no órgão mais de 200 funcionários, todos eles contratados sem concurso, grande parte por indicação política.
POLITICAGEM
A presidente da Associação dos Servidores do Samu Macro Norte (SindSamu), enfermeira Linda Márcia Freitas, denunciou que os recursos humanos vêm sendo preteridos em detrimento de questões políticas.
- Isso desqualifica o serviço que, hoje, é o pior avaliado em termos de qualificação, treinamento e remuneração entre os sete Samu’s regionais do estado. O sucateamento de equipamentos e ambulância também foi denunciado – disse ela.
INVESTIGAÇÃO
A situação do Samu Macro Norte também foi denunciada pelos funcionários em audiência da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que solicitou providências ao Ministério Público. Todas estas denúncias fizeram com que o procurador coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde – CAOSAÚDE, Gilmar de Assis, determinasse ao Ministério Público de Montes Claros, através do promotor Rodrigo Wellerson Guedes, que abrisse investigação sobre a conduta da atual diretoria. Uma das possibilidades mais cogitadas é a intervenção no Cisrun Macro-Norte.