Eduardo Brasil
Repórter
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A prefeitura de Montes Claros vai demitir nos próximos dias centenas de contratados administrativos de acordo com nota da secretaria de Administração. Estima-se que a medida do prefeito Athos Avelino - PPS atingirá 1.700 pessoas com o desemprego.
Na nota, em papel timbrado da prefeitura, mas sem assinaturas, a secretaria de Administração observa ao contratado que - com fundamento legal no art. 37, caput e inciso II e IX da Constituição Federal, no art. 87, IX da Lei Orgânica Municipal, bem como nos arts. 196 e 197 da Lei Municipal 3.175/03 servimo-nos da presente notificação para comunicá-lo de extinção/rescisão de seu contrato administrativo, em 15 de outubro.
Fátima Pereira e Athos Mameluque acusam a administração municipal de querer passar a imagem de austera ao povo, punindo servidores e ao mesmo tempo praticando nepotismo
(fotos: Wilson Medeiros)
A vereadora Fátima Pereira (sem partido), vice-presidente do legislativo lamentou a medida do executivo, que teria como objetivo economizar o dinheiro público, denominando-a de choque de decepção, numa alusão irônica ao bem sucedido choque de gestão do governo estadual e que o governo municipal tentaria remedar. Ao contrário de Aécio Neves - PSDB, para ela, mais uma vez Athos Avelino estaria autorizando medidas que penalizam os mais fracos.
- E elas sobram para os pais de família, que se verão desempregados e sem condições de sustentarem seus filhos – critica a parlamentar.
APADRINHADOS
Fátima Pereira acrescenta que a austeridade na gerência de recursos públicos, que segundo a administração municipal justificaria a demissão de centenas de servidores, deveria ser eficiente a partir do corte do que chamou de gordurinhas – referindo-se aos contratados protegidos, os chamados apadrinhados da administração, e que não deverão perder os postos e os gordos salários que defendem.
- Ele preferiu cortar no osso, ou seja, preferiu atingir o servidor mais humilde, indefeso, e que está assustado diante do desemprego que o espera a partir de segunda-feira.
Fátima Pereira também criticou o fato de a prefeitura justificar a demissão de centenas de servidores iludindo o povo como sendo uma medida austera, ao mesmo tempo em que aumenta sua arrecadação e gasta fortunas com propagandas milionárias e com outros expedientes apologéticos e inúteis ao povo.
- Enquanto isso, o município está parado, abandonado. Onde estão as obras do povo? A prefeitura está deixando de pagar até mesmo os seus fornecedores, e nunca fala em aumento salarial dos servidores. O prefeito deveria explicar o que está sendo feito com esses recursos pela tal da sua governança solidária, que cada vez mais eu entendo como uma lambança solitária.
NEPOTISMO
Para o vereador Athos Mameluque - PMDB as medidas adotadas pelo executivo, entre elas a redução de seu próprio salário, anunciadas debaixo dos holofotes de parte da imprensa, caracterizariam o ufanismo demagógico de uma administração que considera tacanha.
Para ele, a administração de Athos Avelino mostraria muita audácia ao anunciar austeridade, enquanto não passaria de exemplo bem acabado de nepotismo dos mais desenfreados, que drena o recurso público diretamente para o bolso de familiares defensores de altos vencimentos.
- É por isso que o município não recebe as obras que foram prometidas, dado ao rumo que o dinheiro público toma com o nepotismo instalado na prefeitura. É por isso, por causa do nepotismo, que os servidores não recebem salários justos. Também por isso, finalmente, muitos pais de famílias estão sendo sumariamente demitidos nesta semana – desabafou o vereador, da tribuna do legislativo.