Sessão especial na câmara municipal deixa clara posição de empresa em relação ao processo de demissão coletiva
Eduardo Brasil
Repórter
A proposta dos vereadores Ademar Bicalho – PTB e Lipa Xavier – PCdoB de transformarem a reunião ordinária da câmara municipal de Montes Claros, quinta-feira 14, em sessão especial para debater a demissão coletiva na Coteminas – Companhia de Tecidos de Minas Gerais foi como uma ducha de água fria nas pretensões do legislativo de procurar alternativas, junto à empresa controlada pela família do vice-presidente da República, José Alencar, para evitar o desemprego que atingirá 800 trabalhadores.
Um dos diretores da Coteminas, Marcos Murilo Maciel, convidado para debater o assunto e até justificar as demissões coletivas, ao ser indagado pelo vereador Antônio Silveira – PTN sobre o que a câmara municipal, a administração municipal e os deputados da região poderiam fazer para que o processo de demissões fosse interrompido, respondeu lacônico.
- Infelizmente, nada, porque a medida já está em curso – disse, observando em seguida que a decisão da empresa se dá diante de condições de aprimoramento que não puderam ser evitadas e que atenderiam a um processo de modernização da Coteminas, além da questão de contenção de despesa, que teria nos custos da energia elétrica um dos motivos da dispensa.
- O que não se justifica, considerando que o custo da energia elétrica, que a Coteminas produz e vende, é pífio. Esse argumento chega a ser débil para uma empresa com projeção internacional, que está no grupo das cem que mais faturaram no planeta no ano passado.
Lipa Xavier também confirmou para a próxima sexta-feira 22, a realização de uma audiência pública da Comissão do Trabalho, da assembléia legislativa de Minas Gerais para debater o assunto. Será no auditório do Centro de Cultura Hermes de Paula, às dez horas.
SEM GARANTIA
Respondendo a um questionamento da vereadora Fátima Pereira – PSDB, o diretor da Coteminas não soube precisar o tempo que a empresa consumirá para proceder à sua modernização. Segundo ele, a imprevisão seria motivada pela seqüência de seis etapas que completariam a transição modernizadora.
- E quanto ao retorno dos trabalhadores que serão demitidos? – insistiu a parlamentar, levando Murilo Maciel a revelar incertezas nesse sentido, uma vez que a reintegração dos trabalhadores passaria também por um processo seletivo.
A uma terceira pergunta da vereadora, desta vez sobre o destino que terão os filhos dos trabalhadores demitidos, que estudam nas escolas da empresa, Murilo Maciel foi taxativo.
- Elas continuam estudando da mesma forma, nas nossas escolas.
LAMENTO
Murilo Maciel também fez questão de ressaltar a preocupação da empresa em estar sendo impelida a tomar uma medida que sem dúvida causa forte impacto econômico-social ao município, sobretudo quando aumenta o já tomado quadro de desempregados - e que essa decisão não a distanciaria de suas responsabilidades sociais.
- Lamentamos essa circunstância. A Coteminas foi criada em 1971 e em 1975 já funcionava com 300 funcionários. Hoje, esse contingente é de 3.700 trabalhadores. A Coteminas sempre gerou emprego. Esperamos que esse momento de ajuste seja curto, para retomarmos esse procedimento.
A sessão especial contou ainda com representantes dos trabalhadores demitidos e da prefeitura de Montes Claros.