Eduardo Brasil
Repórter
O vereador Rosemberg Medeiros – DEM pedirá à Comissão legislativa de inquérito que apura suspeita de desvio de recursos públicos na Transmontes – empresa municipal de trânsito acareação entre José da Conceição Santos e Henrique Veloso. O parlamentar entende que ambos, o primeiro na posição de presidente da Transmontes, e o segundo como secretário municipal da Fazenda foram contraditórios ao prestarem depoimentos a CLI, confundindo as informações a respeito do destino e do montante do dinheiro arrecadado pela empresa através das multas de trânsito – no período de 2005 a 2008.
Rosemberg suspeita de tentativas para
transformar a CLI da Transmontes em pizza
(foto: ARQUIVO/WILSON MEDEIROS)
- José da Conceição disse que o dinheiro seguiria para caixa único da prefeitura, enquanto o secretário da Fazenda afirmou que os recursos tinham como destino outros cofres. Os dois prestaram depoimentos vagos em relação à principal pergunta da comissão, que continua sem resposta: como e onde o dinheiro foi gasto?
Ainda de acordo com Rosemberg Medeiros, a contradição seria uma especialidade da CLI desde a sua instalação, a partir do depoimento dos dois assessores da administração municipal até o comportamento que teriam os seus próprios componentes – Marcos Nen – PR, presidente, Valcir Soares – PTB, relator e Guila Ramos – PR, terceiro membro.
- Eles passam informações desencontradas, que não conferem. Um fala uma coisa e o outro algo totalmente diferente – completa Rosemberg Medeiros, para quem haveria em gestação uma tentativa de transformar a CLI em pizza, diante do que ela já apurou de irregular na gerência do dinheiro público na Transmontes.
- A prefeitura não prestou contas da arrecadação de recursos arrecadados com as multas em 2005, e nem disse, até agora, onde foi parar meio milhão de reais. A CLI parece empacar na expectativa de que o assunto, com o passar do tempo, perca o interesse da população.
JUSTIFICATIVAS
Uma constatação de que os três vereadores da CLI não falariam a mesma língua, ainda de acordo com Rosemberg Medeiros teria sido percebida por ele antes do início da última reunião da câmara municipal de Montes Claros, quando Marcos Nen informou o fim dos trabalhos da comissão parlamentar, faltando apenas o relatório final das apurações, enquanto, no mesmo momento, Valcir Soares informava que a comissão ainda teria muito trabalho pela frente.
- Não podemos encerrar os trabalhos se ainda aguardamos documentos importantes, que definitivamente podem tornar as coisas transparentes – disse Valcir Soares.
Segundo o relator, os documentos que a CLI aguarda seriam as justificativas da administração municipal sobre o destino dos recursos, principalmente dos quase quinhentos mil reais que desapareceram dos cofres em 2005.
- O secretário Henrique Veloso ficou de enviar essas justificativas e estamos aguardando. Temos de ter paciência. A partir da análise dos documentos, redigiremos o relatório – ressaltou Valcir Soares, acrescentando que estudaria com os demais colegas da CLI uma nova prorrogação do prazo de conclusão das sindicâncias.
ATHOS NA CLI
Rosemberg Medeiros entende que a morosidade com que a CLI desenvolve seus trabalhos (há mais de vinte dias não atua) esconderia uma tentativa de abafar os resultados que ela reuniu até agora, graves, que comprometeriam até mesmo o mandato dos atuais detentores do poder municipal.
- São resultados que colocam a administração de Athos Avelino (PPS) em suspeição diante da sociedade. E essa suspeita prosseguirá entre a população até que o executivo realmente prove a sua idoneidade em relação aos recursos públicos – disse o vereador, observando que o prefeito também deveria ser convocado para depor na CLI.
- Afinal de contas, toda a responsabilidade pelo episódio é dele. É ele que sabe das coisas.
Depor na CLI, para o vereador que integra a bancada da oposição no legislativo municipal, seria uma forma de o prefeito Athos Avelino acabar com as dúvidas que pairam sobre a sua honestidade.
- Afinal, o assunto é sério e a irregularidade apurada pela CLI caracteriza improbidade administrativa. Um crime grave que será levado ao conhecimento do ministério público e que pode até encurtar a sua questionável passagem pela prefeitura – conclui Rosemberg Medeiros, autor do requerimento que pediu a instalação da CLI da Transmontes.