Eduardo Brasil
Repórter
Vereadores da oposição criticaram, na reunião de ontem da câmara de Montes Claros, o que denominaram de tentativa da comissão legislativa de inquérito – CLI da Transmontes, que apura suspeita de desvio de recursos públicos na empresa municipal de trânsito e transporte urbano, de tornar sigilosos os depoimentos de assessores da prefeitura a respeito do assunto. Segundo eles, o ensaio teria sido flagrado quando do depoimento do secretário da Fazenda, Henrique Veloso, na semana passada, que não foi comunicado à imprensa e, assim, não contando com a devida cobertura jornalística, ocorrendo praticamente a portas fechadas.
- Há toda uma pressão para que a imprensa não acompanhe os depoimentos, para que assim a população de Montes Claros não fique informada sobre o que, de fato, a Transmontes com a sua indústria da multas faz com o dinheiro que arrecada – observa o vereador Athos Mameluque – PMDB.
- Não se trata disso – rebate o presidente da CLI, Marcos Nem - PR, para quem a oposição quer pressa em um assunto que requer tempo, uma vez que as suspeitas de irregularidades devem ser apuradas com rigor e atendendo à tramitação legal de uma comissão legislativa de inquérito.
Segundo ele, apesar da pressão oposicionista que tenta diminuir os trabalhos da CLI, a comissão teria avançado nas suas sindicâncias, estando de posse, inclusive, de todos os valores arrecadados pela empresa em relação às multas aplicadas nos anos de 2005, 2006 e 2007.
- É verdade. Ocorre que esses valores, abocanhados pela indústria da multa foram colocados a CLI pelo secretário da Fazenda, Henrique Veloso, de forma generalizada, sem especificar a que cofre municipal eles foram depositados e onde foram gastos – acrescenta Fátima Pereira – PSDB.
EVOLUÇÃO
De acordo com Fátima Pereira, a indústria da multa estaria mais que revelada na evolução que as penalidades ganharam a partir de 2005, quando a atual administração municipal assumiu a prefeitura.
- Veja que em 2005 a arrecadação foi de R$ 387.264.74. Já em 2006, ela pulou para R$ 626.650.90. No ano passado, as multas somaram uma fortuna de R$ 1.002.038.82. O pior é que ninguém sabe, até agora, o paradeiro de tanto dinheiro, para onde foi, com o que foi gasto. A CLI não avançou em nada neste aspecto.
Marcos Nen, no entanto, acredita que todos esses detalhes serão esclarecidos. Ele diz que a comissão se reunirá ainda nesta semana para avaliar os documentos enviados por Henrique Veloso, para em seguida solicitar da administração municipal os dados referentes ao depósito e aplicação do dinheiro.
- Prorrogamos o prazo dos trabalhos da CLI por mais trinta dias, exatamente para que possamos, se for necessário, convocar novas pessoas para prestarem depoimento – informa.
O presidente da CLI também considera desnecessária a convocação do ex-prefeito Jairo Ataíde – DEM, em cuja administração surgiu a Transmontes, e de seus primeiros diretores, como solicitou o vereador Rosemberg Medeiros, na semana passada, que em 2007 pediu a instalação da comissão de investigação parlamentar.
- Até porque o requerimento do próprio vereador Rosemberg Medeiros deixa claro que a CLI seria instalada para apurar possíveis irregularidades na Transmontes somente na gestão do atual prefeito Athos Avelino (PPS) – conclui Marcos Nem.