Cientista político diz que abstenção é um fenômeno nacional

Jornal O Norte
Publicado em 29/10/2008 às 09:31.Atualizado em 15/11/2021 às 07:48.

Samuel Nunes


Repórter



O presidente do TSE - Tribunal Superior Eleitoral Carlos Ayres Britto admitiu após o 2° turno que ficou preocupado com a quantidade de eleitores que não votaram no segundo turno, principalmente no Rio de Janeiro.



De acordo com informações do TSE, o índice nacional de abstenção no último domingo foi de 18,09%. Nas cidades do Rio de Janeiro, São Luís e Anápolis, o porcentual de faltantes ultrapassou os 20%.






Índice de abstenção na cidade chegou a 15% no 2° turno


(fotos: XU MEDEIROS)



O município de São Luís foi o campeão de faltas, com 21,28% de abstenção. Em segundo lugar ficou Anápolis, com 21,18% de faltas.



De acordo com o presidente do TSE, deve ser debatida a possibilidade de divulgar pela internet opiniões em relação a candidatos e propagandas. Para a eleição deste ano, o TSE permitiu apenas que os sites de jornais impressos e revistas divulgassem opiniões. Segundo Ayres Britto, há vantagens em ampliar o uso da internet na campanha.



Segundo informações do TSE, o nível de abstenção dos eleitores em São Paulo foi de 17,54%. No Brasil, esse índice chegou a 18,09%, o que representa uma ampliação do nível de abstenção no primeiro turno, que foi de 14,54%.



FENÔMENO



Em Montes Claros, o fenômeno abstenção também aumentou em comparação com o 1° turno. Em números, passaram de 31.972 para 34.663 eleitores que não compareceram às urnas. Na concepção do professor e cientista político Antônio Maciel, a abstenção é um fenômeno nacional.



- Dentro dos 15% dos eleitores que não compareceram às urnas, a população carcerária, hospitalar, idosos entre 60 e 70, pessoas que trabalham no trânsito, e outras com registro inadequado estão inseridas nessa estatística.



INDIFERENÇA



O cientista político acredita ser difícil mensurar dentro dos 15% o percentual de eleitores que estariam aptos a votar, mas que preferiram não exercer a chamada cidadania porque não desejaram. Frisa que a abstenção na cidade já foi maior e cita a década de 1980, como exemplo. De acordo com Antônio Maciel, neste período o índice de abstenção chegou a 25%.



Especificamente sobre o pleito eleitoral que terminou no domingo, 26, o professor afirma que houve um avanço em virtude das mudanças na legislação eleitoral que proíbem a confecção de camisetas, bonés e ainda a realização de showmícios. Antônio Maciel vê como positiva e benéfica para o eleitorado uma legislação mais rígida em comparação com a dos anos anteriores.



DESAFIO



O resultado final da eleição para prefeito que resultou na vitória do candidato do PMDB, Luiz Tadeu Leite, o professor Antônio Maciel afirma que o eleitor optou por mudança. Explica que a administração atual é técnica e administrativamente correta, contudo, politicamente, cometeu inúmeros erros, podendo creditar a esse fato a derrota nas urnas do candidato do PPS, Athos Avelino Pereira.



Revela que o desafio do próximo prefeito é reinverter o modelo de desenvolvimento presente na cidade atualmente.



DUAS CIDADES



Questionado sobre qual o modelo de desenvolvimento que prevalece na cidade ao longo dos anos, Antônio Maciel afirma categoricamente que existem atualmente duas Montes Claros.






Maciel:


- Temos duas cidades por causa da infra-estrutura urbana



- Temos a Montes Claros da parte centro-oeste da cidade, onde há rede de esgoto, acesso fácil à internet, melhores escolas, ruas e largas avenidas asfaltadas, casas com estilo e acabamentos, residenciais com toda uma infra-estrutura. Esta é a Montes Claros número 1. A número 2 compõe um contingente populacional até maior do que a primeira. Contudo, falta infra-estrutura. Enquanto que na cidade 1 temos as avenidas Deputado Esteves Rodrigues e a José Corrêa Machado, na 2 temos os córregos do Cintra e Melancias que carecem de uma urbanização - diz.   



PLANO



De acordo com ele, é primordial que haja um novo plano diretor de desenvolvimento urbano capaz de medir o código de posturas do município, incentivando, por exemplo, o investimento imobiliário. Explica que é preciso reinverter o modelo segregacionista e investir mais recursos públicos em toda a cidade.

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