Eduardo Brasil
Repórter
Em reunião bastante tumultuada, a câmara municipal de Montes Claros aprovou, nesta terça-feira, por unanimidade, o projeto de lei do executivo estabelecendo aumento salarial de 6% para os servidores efetivos da prefeitura. A lei será sancionada e publicada até a próxima terça-feira 8, com o acréscimo já vigorando na folha de pagamento do mês de abril.
Para a vereadora Fátima Pereira – PSDB, da oposição, a concessão do aumento não poderia acontecer num dia mais emblemático – num primeiro de abril, o que, na sua concepção não seria surpresa, mas, sim, uma conseqüência da cidade virtual em que Montes Claros se transformou com o governo de Athos Avelino (PPS).
Apesar dos protestos dos servidores da prefeitura,
aumento salarial ficou mesmo nos 6%
(foto: WILSON MEDEIROS)
- Deve ser mais uma farsa, uma mentira digna do dia, uma brincadeira de mau gosto. Parece que neste índice, repito, pífio, do prefeito, falta um zero à frente do seis, porque o servidor está fazendo malabarismo para sobreviver e fará ainda mais com este aumento irrisório – disse a parlamentar, referindo-se a palavras que teria ouvido de uma professora, da qual omitiria o nome para evitar que fosse mais uma servidora perseguida pela atual administração.
- Voto com vergonha. O reajuste não tem o poder de repor sequer as perdas salariais da categoria acumuladas neste governo. É um aumento vergonhoso – disse o vereador Rosemberg Medeiros – DEM, também da bancada de oposição.
DADOS MASCARADOS
Lipa Xavier – PCdoB acusou o prefeito de mascarar os dados da inflação para impor um reajuste que não cobriria as perdas dos últimos quatro anos – de abril de 2005 a abril de 2008.
- O prefeito maquiou, mascarou esses dados e apresentou um reajuste que não assegura qualquer ganho real ao servidor – ressaltou o vereador que, como Athos Mameluque – PMDB, apresentou emenda para que o aumento fosse pelo menos de 12%.
Tanto a sua proposta, como a de Mameluque, que determinava um acréscimo maior, de 15%, receberam parecer de ilegal pela Comissão de legislação e justiça da câmara municipal.
- Um parecer que o plenário teria toda a soberania para derrubar e aprovar o reajuste de 15%. Não o fez porque os vereadores da situação participaram da reunião com uma determinação explícita do prefeito: de não permitirem alterações no seu projeto, ou seja, que os servidores não fossem beneficiados com um reajuste de 12% e nem de 15% – completou Mameluque, para quem o prefeito não gosta de gente.
- Ele demonstra que não gosta dos servidores, a quem prometeu valorização durante a campanha eleitoral de 2004 - acusou.
GANHO SOBRE A INFLAÇÃO
O vereador Aurindo Ribeiro – PPS, porta-voz do executivo replicou os oposicionistas. Apontou para dados que comprovariam que o reajuste cobriria, pelo menos, as perdas causadas pela inflação no período do atual governo municipal.
- As perdas causadas pelo fator inflação foram eliminadas, e o servidor municipal passa a ter um ganho real com o aumento de 6% aprovado pela casa - acrescentou.
Ainda de acordo com o porta-voz, já em relação às perdas salariais, que somariam quase 90%, a responsabilidade pela defasagem não poderia ser atribuída somente ao governo de Athos Avelino.
- São perdas históricas, envolvendo vários gestores. Perdas que vêm ocorrendo há muito tempo e que não podem ser corrigidas no curso de apenas uma administração – disse o vereador, para quem a responsabilidade pela diferença salarial deveria ser dividida com as administrações anteriores, que não teriam concedido à categoria de servidores municipais reajustes em níveis que garantissem seu poder aquisitivo.
AUMENTO POSSÍVEL
Aurindo Ribeiro também afirmou que o reajuste de 6% não foi uma demonstração de indiferença do prefeito em relação às necessidades do trabalhador da prefeitura, como acusou a oposição.
- Pelo contrário. O prefeito demonstrou boa vontade, compreensão e concedeu o maior aumento possível ao servidor, considerando as atuais circunstâncias financeiras em que vive o município.
De acordo com o vereador, o município não poderia conceder um aumento mais elevado, ainda que o servidor merecesse essa atenção. – Se o prefeito pudesse, ele daria o aumento que o servidor deseja, que a oposição defende, inclusive, ou até mesmo um aumento maior. Mas, não existem recursos para isso. Por isso, o aumento é de 6%, o que já ajuda o servidor, pois ele pelo menos garante ganho real sobre a inflação do período – reiterou o porta-voz do executivo.