A expectativa é de que


as negociações não avancem


e o servidor continue sem aumento

Eduardo Brasil


Repórter


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Está prevista para hoje rodada de negociação entre representantes do município e do sindicato dos servidores municipais para definir o percentual de reajuste salarial para os trabalhadores efetivos da prefeitura de Montes Claros. A expectativa é de que as discussões não cheguem a um desfecho esperado, que atenda às duas partes, considerando informações de que a proposta do executivo para o aumento salarial, que seria inferior a 10%, não atende aos trabalhadores - cujas perdas chegam a 70% nos últimos seis anos.

– A categoria reivindica um reajuste de pelo menos 19,75%. Um percentual distante daquele que seria necessário para cobrir a defasagem salarial histórica que experimentam os trabalhadores da prefeitura, mas que pelo menos repõe perdas acumuladas nos últimos dois anos, de acordo com os índices inflacionários do período – adiantou o presidente do sindicato, Valmore Edi, em entrevista a O Norte (edição 02 de maio).

- Desconfio dessas negociações. O sindicato não nos passa nenhuma credibilidade de que realmente será um negociador competente, confiável, para os servidores municipais. É um sindicato que nos últimos meses perdeu a sua identidade com o trabalhador da prefeitura – ressalta o vereador Rosemberg Medeiros – DEM.

EM CIMA DO MURO

De acordo com o parlamentar, que integra a bancada da oposição na câmara municipal, o sindicato deixou de ser um representante fiel dos servidores municipais, atuando mais nos interesses da atual administração. Uma evidência de que o sindicato atende ao governo municipal, segundo ele, que afronta leis, residiria no fato de que nos últimos dois anos a entidade não se mobilizou para cobrar as negociações salariais dos servidores municipais de acordo com a sua data-base.

- É um sindicato que, hoje, por exemplo, não sobe no telhado da prefeitura, em greve de fome, para cobrar do prefeito o reajuste salarial dos trabalhadores municipais, como fez poucos anos atrás. Não sobe. Se subir, sabe que pode ser abatido – ressaltou o parlamentar, referindo-se ao então (e atual) presidente do sindicato, que permaneceu no telhado do prédio da prefeitura (por quase dois meses) exigindo que o ex-prefeito Jairo Ataíde - DEM observasse os direitos constitucionais dos servidores municipais.

- O sindicato desceu do telhado para subir no muro. Ou ainda para subir até o terceiro andar e dizer amém – completou.

CONCHAVOS POLÍTICOS

A vereadora Fátima Pereira também teceu críticas ao executivo que vem protelando há dois anos o reajuste salarial dos servidores, alegando falta de dinheiro, enquanto contrata seus apadrinhados que, segundo Rosemberg Medeiros, ganham até 2,8 mil reais por mês para fazerem nada, só politicagem, ao passo que existem trabalhadores ganhando menos que um salário mínimo na prefeitura.

- O que o prefeito faz, com suas contratações, que atendem aos seus conchavos políticos, é encharcar a prefeitura, buscando apoio para a sua tal governança solidária, enquanto diz que enxuga a máquina administrativa. Para as dezenas de demitidos, perseguidos pela atual administração, por terem sido empregados por administrações anteriores, de Tadeu Leite (PMDB) e Jairo Ataíde, ele admite centenas de gerentes e aderentes e outras figuras mais que ganham altos salários bancados com o dinheiro do povo.

A vereadora também critica o fato de que a apregoada transparência do governo municipal só ganha destaque na propaganda enganosa e milionária que promove na imprensa de Montes Claros com recursos públicos.

- Esse dinheiro poderia ser aproveitado realmente em benefício do povo – diz ela, observando que enquanto prega a transparência, a atual administração se nega a dar informações sobre o número de contratos, os apadrinhados da atual administração, cujos salários elevaram os custos da folha de pagamento da prefeitura de Montes Claros a patamares inéditos – conclui Fátima Pereira, que por mais de quatro vezes enviou requerimento ao executivo e à secretaria municipal de Administração solicitando a lista dos nomes dos contratados sem conseguir.